Da China ao Delegado Waldir: os desafios para o Brasil só aumentam
Maior parceiro comercial do Brasil anunciou menor crescimento do PIB em 27 anos enquanto governo Bolsonaro exibe novos sinais de falta de foco nas reformas
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2019 às 06h52.
Última atualização em 18 de outubro de 2019 às 12h55.
Dados econômicos divulgados pela China nesta sexta-feira (18), mostram que o país cresceu 6% entre julho e setembro, o ritmo mais lento desde que começou a reportar dados trimestrais, em 1992.
O resultado reforça a tese de que a guerra comercial com os Estados Unidos está puxando a economia global para baixo. Segundo o Fundo Monetário Internacional divulgou esta semana, o Brasil deve crescer 0,9% este ano, enquanto a economia global está desacelerando, com expansão prevista de 3% este ano, ante estimativa anterior de 3,2%.
O conjunto de indicadores amplia a necessidade de o Brasil acelerar sua agenda de reformas para não ser tragado pelo furacão. Segundo Sergio Vale, economista-chefe da consultoria MB Associados e colunista de EXAME , o crescimento do país tende a ficar entre 1,5% e 2% ano que vem, a depender do cenário internacional.
O problema, para os céticos, é que as previsões para este ano também eram para a casa dos 2%, mas foram sendo revistas para baixo em virtude das dificuldades na relação do governo com o Congresso.
Pois bem, essas dificuldades nunca estiveram tão latentes quanto nesta sexta-feira. Ameaçado de perder o posto, o líder do PSL na Câmara dos Deputados, Delegado Waldir (GO), chamou Bolsonaro de “vagabundo” e disse que vai “implodir” o presidente em áudio divulgado nesta quinta-feira.
No mesmo dia, a deputada Joice Hasselman (PSL-SP) perdeu a liderança do governo no Congresso para o senador Eduardo Gomes (MDB-TO), deixando o governo ainda mais dependente das articulações do MDB, num filme já conhecido por quem acompanha a política em Brasília.
Ainda ontem, os filhos de Bolsonaro, Flávio e Eduardo, perderam seus postos nas lideranças estaduais do PSL no Rio e em São Paulo. Em meio ao barata-voa do PSL, Bolsonaro desistiu de indicar seu filho Eduardo para a embaixada dos Estados Unidos.
A crise interna no PSL parece uma grande perda de tempo para o país, e de fato é. Segundo Sérgio Praça, professor da FGV e colunista de EXAME, Bolsonaro não comanda mais a agenda pública, agora nas mãos de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara.
“Quanto mais se fala do Delegado Waldir, menos lembramos de desastres ambientais”, diz Praça. Nem da agenda de reformas, nem da criação de empregos — que, aliás, segundo dados divulgados ontem, teve em setembro o melhor resultado desde 2013.
Alguém reparou?