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Custo de vida em grandes cidades prejudica refugiado no país

Atualmente, 4,3 mil refugiados vivem no Brasil, a maioria de origem africana, e as regiões centrais das cidades são os locais que eles mais procuram


	Com o aumento dos custos de imóveis e alimentos, a vida dessa população, de acordo com Fabricio Toledo, é dificultada
 (Ana Paula Hirama/ Wikimedia Commons)

Com o aumento dos custos de imóveis e alimentos, a vida dessa população, de acordo com Fabricio Toledo, é dificultada (Ana Paula Hirama/ Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2013 às 18h06.

Rio de Janeiro - O custo de vida crescente nas grandes cidades brasileiras e o preconceito são algumas dificuldades que os refugiados encontram no país, além daquelas que normalmente enfrentam, como a diferença do idioma, a falta de ambientação e a vulnerabilidade.

Atualmente, 4,3 mil refugiados vivem no Brasil, a maioria de origem africana, e as regiões centrais das cidades são os locais que eles mais procuram.

"O refugiado tem um acréscimo de vulnerabilidade. A gente pode imaginar que, se para os pobres em geral já existe uma dificuldade, para eles então é mais grave", avalia Fabricio Toledo, advogado da Cáritas, organismo internacional que no Brasil é ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Segundo o advogado, além de uma situação financeira vulnerável - “noventa por cento deles chegam com pouco mais que a roupa do corpo” - os refugiados enfrentam também a adaptação a um novo modo de vida e a um idioma diferente do seu.

Com o aumento dos custos de imóveis e alimentos, a vida dessa população, de acordo com Fabricio Toledo, é dificultada: "A gente sabe, por exemplo, que alguns bairros estão se tornando impraticáveis para algumas pessoas e, devido ao encarecimento, elas estão tendo que sair para lugares mais distantes e mais periféricos", disse Fabricio.

A maior parte dos refugiados no Rio de Janeiro mora em comunidades carentes ou bairros do subúrbio, segundo Fabricio. Uma delas é Celine Koffi, de 36 anos, que veio da Costa do Marfim para fazer mestrado em engenharia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), viu um conflito estourar em seu país, perdeu o pai e teve que se declarar refugiada no Brasil.

"Eu tentei procurar emprego como engenheira, mas sempre diziam que eu estava fora do perfil. Tive que baixar a exigência e trabalhar em um hotel, e não consegui ficar. Hoje, dou aulas de francês quando tenho aluno e vivo com os R$ 300 do Acnur [Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados], que serão cortados no mês que vem”, disse a refugiada.

A ajuda do Acnur, segundo Andrés Ramirez, representante do órgão no Brasil, é limitada e temporária: "A assistência é limitada e o drama humano está cada vez pior. Não existe orçamento para continuar indefinidamente com o auxílio. Temos que dar preferência aos mais vulneráveis e, mesmo assim, por tempo limitado". No mundo, 10,5 milhões de refugiados estão sob responsabilidade desse órgão.

A dificuldade em encontrar um emprego, argumenta o congolês Charly Kongo, de 32 anos, não se resume ao idioma. Segundo ele, no Brasil, os refugiados ainda sofrem preconceito de alguns empregadores.

"Muita gente confunde refugiado com foragido, e pensa que quem está aqui refugiado está fugindo porque fez alguma coisa errada no seu país. Quando mostramos o documento de refugiado, muitos recusam", denuncia Charly, que trabalha como mensageiro em um hotel e ajuda na integração dos conterrâneos no Brasil.

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