Cunha: entre a CCJ e Tia Eron
Esta terça-feira, na teoria, seria o dia para que o caixão do notório deputado afastado Eduardo Cunha começasse a ser fechado por seus colegas da Câmara. O Conselho de Ética votará o parecer que pede a cassação de seu mandato. Na contagem de votos, o placar hoje é de 10 a 9 para Cunha, e […]
Da Redação
Publicado em 7 de junho de 2016 às 06h09.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h36.
Esta terça-feira, na teoria, seria o dia para que o caixão do notório deputado afastado Eduardo Cunha começasse a ser fechado por seus colegas da Câmara. O Conselho de Ética votará o parecer que pede a cassação de seu mandato. Na contagem de votos, o placar hoje é de 10 a 9 para Cunha, e o voto decisivo deve ser dado pela baiana Tia Eron, do PRB. Se ela votar contra Cunha, haverá empate e o presidente do Conselho, José Carlos Araújo, terá o voto final. Neste caso, Cunha já era. Ou não.
O problema é que, quando se trata de Eduardo Cunha, nada é simples. No fim das contas esta terça-feira pode ser mais um dia para mostrar a capacidade de Cunha de usar as linhas miúdas do regulamento do Congresso a seu favor. Também hoje, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pode votar o parecer de Arthur Lira (PP-AL), relator da consulta feita pelo presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), sobre o rito de cassação de um deputado. No fim das contas, Lira quer que a Casa ignore o parecer da CCJ e vote um projeto de resolução que permite emendas.
É uma manobra que favorece Cunha, e que pode adiar o processo de seu afastamento indefinidamente. É Eduardo Cunha na veia. “Pediremos vistas no CCJ e tentaremos fazer com que o caso sé seja apreciado semana que vem. É um relatório feito sob medida para favorecer o Cunha”, afirma o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
Tia Eron sofre enorme pressão da opinião pública. Nas redes sociais, milhares de mensagens pedem que vote a favor da cassação. Apesar disso, ela é aliada de Cunha e já o elogiou. Seu partido, o PRB, foi importante na votação do impeachment e, com Michel Temer no poder, passou a comandar o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, com Marcos Pereira, presidente da sigla. Ontem, ela se reuniu com lideranças da legenda para decidir. Hoje, é o dia dela.