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Cruzeiros, escolas e casas modulares: como o Pará quer dobrar a capacidade hoteleira para a COP 30

A administração estadual aposta em diferentes alternativas para atender a previsão entre 41 mil e 50 mil pessoas, sendo até 140 chefes de estado e suas comitivas, nos principais dias de evento

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 11 de maio de 2024 às 09h01.

Última atualização em 11 de maio de 2024 às 12h14.

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BELÉM* - Um dos principais desafios do governo do Pará na organização para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém em novembro de 2025, é aumentar e qualificar a rede hoteleira da região.

A administração estadual aposta em diferentes alternativas para atender a previsão, que varia entre 41 mil e 50 mil pessoas, sendo até 140 chefes de estado e suas comitivas nos principais dias de evento.

Entre as alternativas apresentadas pelo governador do estado, Helder Barbalho (MDB), e a vice-governadora e presidente do Comitê Estadual para a COP 30, Hana Ghassan (MDB), estão a construção de três novos hotéis de alto padrão, a transformação de escolas em hostels, a utilização da cruzeiros luxuosos, a construção de habitações modulares provisórias em terrenos próximos ao hangar do centro de convenções e a oferta de aluguéis de temporada por meio de plataformas como Airbnb e Booking.

Apesar das opções apresentadas, o comitê estadual da Conferência ainda não detalhou os números que espera ter na COP para cada tipo de leito, nem quantos devem estar à disposição para presidentes, líderes políticos e suas comitivas.

Hoje, Belém tem 18 mil leitos — número de camas disponíveis na rede hoteleira da capital. Para a COP 30, a cidade precisa mais que dobrar esse número e focar na oferta de acomodações de nível A, que serão direcionadas para chefes de estado e suas comitivas.

"A ideia de uso de aluguéis por temporada será um caminho importante para chefes de estado. Temos muitos condomínios com mansões de alto padrão, principalmente próximos do aeroporto, a menos de três minutos", afirmou Helder Barbalho à EXAME no Palácio Lauro Sodré, sede do governo paraense.

O chefe do executivo paraense disse ainda que três cruzeiros de luxo com até 7 mil leitos também podem ser solução para os presidentes. Ghassan, a vice-governadora, completou que comitivas menores, como da Eslovênia, podem buscar embarcações por conta própria.

"Alguns países já sinalizaram que estão contratando navios de pesca, que são extraordinárias, para as suas delegações. São balsas com 12 a 15 apartamentos de alto padrão que vão ficar no Porto de Belém", disse Barbalho.

Iniciativas avançadas

As iniciativas mais avançadas, de acordo com a administração estadual, são as plataformas de aluguel de temporada, como o Airbnb, e a construção de novos hotéis. O governo do Pará firmou uma parceira com a empresa em novembro do ano passado para que a plataforma atraia moradores durante a COP.

Tanto a empresa quanto o governo vão compartilhar dados sobre tendências de viagem e fluxo turístico em Belém e no Pará para embasar o planejamento de políticas públicas relacionadas à COP 30, além do turismo no estado.

Questionado pela EXAME sobre o número de imóveis para aluguel e leitos disponíveis atualmente na cidade, já em busca da previsão para a COP 30, o Airbnb afirmou que não abre os números de acomodações atuais e nem projeções futuras.

No caso dos hotéis, os já existentes passarão por um processo de retrofit. O governo disponibilizou R$ 140 milhões em crédito, via BNDES, para que o setor requalifique suas hospedagens, além de ter zerado o ICMS para compras estaduais e interestaduais de equipamentos como frigobar, televisão, ar-condicionado e mobiliário.

No caso dos novos empreendimentos, o mais avançado será no Porto de Belém. A rede hoteleira portuguesa Vila Galé vai transformar dois galpões em hotéis de luxo, com até 160 quartos, em uma concessão de 33 anos e o aluguel corresponderá a 2% do faturamento do hotel.

Na mesma área, o governo do estado já remodelou outros armazéns, transformados em pontos turísticos e complexos de lazer e gastronomia.

O governador informou ainda que o antigo prédio da Receita Federal na cidade, que sofreu um grande incêdio em 2012, vai virar um hotel. O edital da concessão será públicada nos próximos dias e terá um modelo de contrato similiar ao dos dois galpões no Porto.

Um terceiro empreendimento será no aeroporto. Barbalho informou que a Norte da Amazônia Airports (NOA), concessionária responsável pela operação, oficializou a construção de um novo hotel no local para a COP. 

"Teremos três operações novas que já estão formalizadas e devem gerar um incremento de mais de 600 leitos", disse o governador.

Escolas e estruturas provisórias 

O governador do estado afirmou que as casa modulares, que serão estruturas provisórias para formar o que se chamará de Vila COP, podem ter 1 mil leitos de alto padrão e serem a principal opção para os chefes de estado.

A estrutura, segundo a administração estadual, pode ser montada em 45 dias e, por isso, não existe preocupação em relação ao prazo para colocar a estrutura de pé. Após o evento, existe a previsão que as estruturas sejam aproveitadas como escolas ou como sede das secretárias do governo, que hoje estão em prédios alugados pela cidade.

Em relação às escolas, o estado planeja utilizar 36 unidades educacionais para acomodações. O número exato de leitos nessa modalidade de hospedagem não foi confirmado, mas pode chegar até 9 mil, segundo o comitê da COP-30.

*O repórter viajou para a cidade de Belém (PA) a convite do governo do Pará

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