Crivella anuncia bloqueio parcial de três bairros para conter coronavírus
Medida começará em Santa Cruz, Bangu e Campo Grande, que atualmente é o local com mais mortes pela covid-19
Agência O Globo
Publicado em 6 de maio de 2020 às 11h18.
Última atualização em 6 de maio de 2020 às 17h37.
A Prefeitura do Rio anunciou, na manhã desta quarta-feira, que o município adotará um bloqueio parcial de determinadas áreas da cidade onde a população não esteja respeitando o isolamento social e comerciantes insistem em abrir lojas que não são essenciais para o município. O lockdown parcial - que consiste em proibir a abertura do estabelecimento - começará entre esta quarta-feira e esta quinta-feira em três bairros da Zona Oeste: Campo Grande - que atualmente tem o maior número de mortes por causa da doença -, Bangu e Santa Cruz.
Segundo o prefeito Marcelo Crivella, nem a população nem o comércio desses locais estão respeitando a quarentena. O município adotará as medidas restritivas em outros bairros que forem diagnosticados pelo Centro de Operações Rio (COR) e a Guarda Municipal com aumento de pessoas nas ruas.
A princípio, a prefeitura colocará guardas municipais nos calçadões de Campo Grande, Bangu e Santa Cruz para evitar aglomeração e impedir que lojas sejam abertas. Crivella voltou a pedir “pelo amor de Deus” para que a população respeite a quarentena.
"Eles (os agentes) indo aos calçadões e alertando e a população não respeita. Então, vamos colocar um posto da Guarda Municipal nesses locais e fechar tudo. Assim evita que as pessoas transitem por esses locais. Não é o que queríamos porque atrapalha a circulação de quem não tem nada com isso", disse.
O prefeito destacou que, desde a última semana, a prefeitura tem tentado conter a aglomeração nesses três bairros. No entanto, tem sido ineficaz:
"Nós temos um problema nos calçadões de Campo Grande, Santa Cruz e Bangu. A Guarda Municipal fecha os estabelecimentos, vai embora e meia hora depois abre tudo. Agora, vamos colocar a Guarda lá. Se não obedecer vamos fazer o bloqueio total desses calçadões. Gostaríamos de contar com a consciência de todos, o que não está tendo. Gostaria de fazer mais uma apelo aos nossos irmãos e companheiros do Calçadão de Bangu, de Campo Grande e da região comercial de Santa Cruz para só permanecerem abertos estabelecimentos essenciais, dentro das regras estabelecidas".
Durante o recebimento de 150 mil máscaras doadas pela comunidade chinesa, ocorrida no Riocentro, Crivella destacou que a cidade está construindo “a Arca de Nóe” e a população precisa ajudar.
Chegada de novos respiradores
O prefeito informou que no final da noite desta quarta-feira chegarão em São Paulo 20 respiradores e 40 monitores vindos da China. De acordo com ele, no próximo domingo outros 150 aparelhos mecânicos de respiração e outros 200 monitores chegarão ao município vindos do país asiático. A compra foi feita no ano passado.
Crivella fez um afago ao consulado geral da China no Rio. Segundo ele, “o povo chinês está nos abençoando”. A prefeitura afirma que já gastou mais de R$ 1 bilhão de reais em equipamentos e insumos chineses, nos últimos meses. Esse valor será pago em prestações.
Crivella disse que, com os leitos de UTIs abertos, a curva de internações e óbitos vão cair.
Autuação de unidades da Caixa Econômica
Desde a última segunda-feira a Prefeitura do Rio e a Caixa Economia Federal têm tentado mitigar as longas filas de pessoas que buscam oi auxílio emergencial. No entanto, ontem 25 unidades do banco foram multadas por estarem desrespeitando o acordo feito entre o município e a CEF.
"Ontem fizemos 25 atuações na Caixa Econômica por conta da aglomeração. Queria sugerir que eles adotassem a data de nascimento. Nas filas de lotéricas a situação é ainda pior: muitos idosos. Então, peço que eles adotem o jogo por internet. Façam igual ao Jockey Club. Voltaram a funcionar com apostas online. Só aceita aposta por telefone e internet, não tem problema nenhum", disse Crivella.
Máscaras de papelão ou biodegradáveis
Crivella também comentou o uso de máscaras biodegradáveis, que muitos estão chamando de “máscara de papelão”, que estão sendo distribuídas pela Secretaria municipal de Ordem Pública (Seop) em vários pontos do Rio:
"Quando a gente fala, emitimos gotículas que podem ir até dois metros. Se usamos máscaras, independentemente que for, vai ter proteção. O ideal é que ela seja espessa. Mas, se só tiver a de papelão é melhor do que nada. Se não tiver cão, caça com gato. E essas máscaras de papelão duram apenas quatro horas e depois tem que ser descartável. Mesmo com a máscara devemos manter a distância".
Tomógrafo na Igreja Universal
Ao ser perguntado sobre o motivo de a Prefeitura instalar um aparelho tomógrafo em uma igreja Universal, na Rocinha, na Zona Sul, e não na UPA da favela, o prefeito justificou a escolha do local pela acessibilidade e a possibilidade de receber mais pacientes. O bispo que está licenciado e faz parte da igreja garante que após a pandemia o aparelho será levado para a unidade de saúde da comunidade.