Redação Exame
Publicado em 14 de dezembro de 2025 às 17h26.
A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) renunciou neste domingo, 14, ao mandato na Câmara dos Deputados, três dias depois de o ministro Alexandre de Moraes, do STF, anular a decisão do plenário que havia mantido seu cargo, como destacou O Globo. A Corte determinou a cassação imediata e a posse do suplente Adilson Barroso (PL-SP).
Presa na Itália e condenada em dois processos criminais, Zambelli deixa o Congresso após uma sucessão de episódios que se estenderam desde a campanha eleitoral de 2022 e culminaram em embates diretos entre o Legislativo e o Judiciário.Às vésperas do segundo turno presidencial, Zambelli sacou uma arma e perseguiu o jornalista Luan Araújo pelas ruas dos Jardins, em São Paulo, conforme registrou O Globo. A ação, amplamente divulgada nas redes sociais, violou determinação do TSE que proibia porte de armas no período eleitoral. Especialistas classificaram o episódio como ilegal e desproporcional, abrindo caminho para a investigação que mais tarde resultaria em condenação no STF.
Em janeiro de 2023, o sistema do CNJ foi invadido e documentos falsificados foram inseridos, incluindo um mandado de prisão fraudulento contra Alexandre de Moraes. A ação foi atribuída ao hacker Walter Delgatti Neto, o “hacker de Araraquara”, como mostrou O Globo. Investigações posteriores indicaram que a operação buscava desacreditar o Judiciário e o sistema eleitoral.
A Polícia Federal deflagrou operação para apurar a participação de Zambelli nos ataques cibernéticos. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços da deputada, e Delgatti teve prisão decretada. Em decisão citada por O Globo, Moraes afirmou que o hacker atuou sob orientação de Zambelli “para expandir a narrativa fraudulenta contra o processo eleitoral”.
A PF concluiu o inquérito e indiciou Zambelli e Delgatti por invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, apontando que o hacker acessou o sistema do CNJ a pedido da parlamentar. Zambelli negou as acusações, enquanto Delgatti declarou que a deputada financiou a ação.
A Primeira Turma do STF condenou Zambelli a 10 anos de prisão em regime fechado, multa milionária e perda do mandato, além de torná-la inelegível por oito anos. A decisão estabeleceu o vínculo formal da deputada com crimes contra o Estado Democrático de Direito.
Após a condenação, Zambelli deixou o Brasil pela fronteira com a Argentina, foi para os EUA e depois seguiu para a Itália, onde possui cidadania, segundo O Globo. Moraes decretou sua prisão preventiva, afirmando que a deputada buscava evitar o cumprimento da pena. Ela foi incluída na lista vermelha da Interpol, tornando-se procurada em 196 países.
Zambelli foi presa na Itália após a inclusão de seu nome na lista da Interpol. Desde então, aguarda o julgamento do pedido de extradição feito pelo Brasil.
O STF confirmou o trânsito em julgado da condenação relacionada ao episódio de 2022, fixando pena de cinco anos e três meses de prisão. A Corte comunicou a Câmara sobre a necessidade de iniciar o processo de cassação.
Mesmo após ser informada da perda automática do mandato, a Câmara dos Deputados votou por manter Zambelli no cargo, como relatou O Globo. Horas depois, Moraes anulou a decisão por inconstitucionalidade e ordenou a posse imediata do suplente.
Com o cenário irreversível, Zambelli apresentou sua renúncia, informou O Globo. A ex-deputada segue presa na Itália e aguarda definição sobre extradição para o cumprimento das penas impostas pelo STF.