Crimes com arma branca aumentaram, diz pesquisa
As facas (16%) e as agressões (10%) são mais recorrentes nos homicídios em São Paulo, segundo pesquisa
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2013 às 08h09.
São Paulo - Depois de mais de uma década de homicídios em queda em São Paulo , mudou o perfil dos assassinatos na capital paulista. A vingança, que nos anos 1990 e 2000 era o motivo principal das mortes, perdeu a relevância.
Atualmente, as discussões são a razão principal dos homicídios - em 13% dos casos. Um dos dados preocupantes é que 19% das mortes têm indícios de execução, crimes normalmente premeditados e planejados.
Nos dias de hoje, aumentou a proporção de mulheres assassinadas (11,3%) e diminuiu a fatia dos que morrem por arma de fogo (61%). As facas (16%) e as agressões (10%) são mais recorrentes. Esses são alguns dos dados de estudo do Instituto Sou da Paz, que analisou 1.777 boletins de ocorrências de homicídios ocorridos em São Paulo entre 1.º de janeiro do ano passado e 30 de junho deste ano.
"Os homicídios caíram muito na década passada e, por isso, é necessário uma melhor compreensão do tipo de homicídio nos dias de hoje", analisa a pesquisadora Lígia Rechenberg, do Instituto Sou da Paz.
No auge da epidemia, ao longo dos anos 1990 e começo dos 2000, a rivalidade entre moradores de bairros de periferias provocava longos círculos de vingança.
Um homicídio podia provocar a reação de amigos e parentes da vítima, levando a novos ataques contra os suspeitos da autoria do crime . Essa lógica da vendetta provocava novas rixas e assassinatos, que vitimaram principalmente jovens com menos de 30 anos.
Essa engrenagem de vinganças aparecia nos levantamentos da época. O Anuário da Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), por exemplo, com base em boletins de ocorrência de 2003, apontou que 28% das mortes naquele ano ocorreram por vingança. As drogas (tráfico e rixas) e as brigas por motivos fúteis (12%) vêm em seguida.
Atualmente, são dois os principais motivos para os homicídios. No caso das discussões, em 48% dos casos a vítima morreu por arma branca. Nesses casos, além da elevada vitimização de mulheres, morrem pessoas mais velhas - mais da metade dos assassinados em São Paulo hoje tem mais de 30 anos.
Já a elevada proporção de mortos com indícios de execução (19%) e o alto porcentual de encontros de cadáveres mostra o aspecto mais preocupante: a importância no quadro atual dos crimes com suspeitas de terem sido praticado por facções e por policiais matadores - recorrentes ao longo de 2012.
Uma dos casos aconteceu no dia 5 de janeiro no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, e vitimou sete pessoas, entre elas Laércio de Souza Grimas, o Dj Lah. Policiais foram acusados pelo crime. Eles teriam agido em represália a uma gravação de um PM executando uma pessoa na mesma rua no mês anterior.
A revolta em torno da ocorrência motivou protestos contra o "extermínio da juventude negra nas periferias", que fizeram parte das jornadas de junho. "As agressões praticadas por PMs nos manifestos revelaram para a classe média o despreparo da PM. Só que nas periferias as balas não são de borracha. São de verdade", diz o professor de História Douglas Belchior, da UNEafro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - Depois de mais de uma década de homicídios em queda em São Paulo , mudou o perfil dos assassinatos na capital paulista. A vingança, que nos anos 1990 e 2000 era o motivo principal das mortes, perdeu a relevância.
Atualmente, as discussões são a razão principal dos homicídios - em 13% dos casos. Um dos dados preocupantes é que 19% das mortes têm indícios de execução, crimes normalmente premeditados e planejados.
Nos dias de hoje, aumentou a proporção de mulheres assassinadas (11,3%) e diminuiu a fatia dos que morrem por arma de fogo (61%). As facas (16%) e as agressões (10%) são mais recorrentes. Esses são alguns dos dados de estudo do Instituto Sou da Paz, que analisou 1.777 boletins de ocorrências de homicídios ocorridos em São Paulo entre 1.º de janeiro do ano passado e 30 de junho deste ano.
"Os homicídios caíram muito na década passada e, por isso, é necessário uma melhor compreensão do tipo de homicídio nos dias de hoje", analisa a pesquisadora Lígia Rechenberg, do Instituto Sou da Paz.
No auge da epidemia, ao longo dos anos 1990 e começo dos 2000, a rivalidade entre moradores de bairros de periferias provocava longos círculos de vingança.
Um homicídio podia provocar a reação de amigos e parentes da vítima, levando a novos ataques contra os suspeitos da autoria do crime . Essa lógica da vendetta provocava novas rixas e assassinatos, que vitimaram principalmente jovens com menos de 30 anos.
Essa engrenagem de vinganças aparecia nos levantamentos da época. O Anuário da Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), por exemplo, com base em boletins de ocorrência de 2003, apontou que 28% das mortes naquele ano ocorreram por vingança. As drogas (tráfico e rixas) e as brigas por motivos fúteis (12%) vêm em seguida.
Atualmente, são dois os principais motivos para os homicídios. No caso das discussões, em 48% dos casos a vítima morreu por arma branca. Nesses casos, além da elevada vitimização de mulheres, morrem pessoas mais velhas - mais da metade dos assassinados em São Paulo hoje tem mais de 30 anos.
Já a elevada proporção de mortos com indícios de execução (19%) e o alto porcentual de encontros de cadáveres mostra o aspecto mais preocupante: a importância no quadro atual dos crimes com suspeitas de terem sido praticado por facções e por policiais matadores - recorrentes ao longo de 2012.
Uma dos casos aconteceu no dia 5 de janeiro no Campo Limpo, zona sul de São Paulo, e vitimou sete pessoas, entre elas Laércio de Souza Grimas, o Dj Lah. Policiais foram acusados pelo crime. Eles teriam agido em represália a uma gravação de um PM executando uma pessoa na mesma rua no mês anterior.
A revolta em torno da ocorrência motivou protestos contra o "extermínio da juventude negra nas periferias", que fizeram parte das jornadas de junho. "As agressões praticadas por PMs nos manifestos revelaram para a classe média o despreparo da PM. Só que nas periferias as balas não são de borracha. São de verdade", diz o professor de História Douglas Belchior, da UNEafro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.