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Crime em Suzano pode estimular ataques, avaliam médicos

Para especialista, episódio não deve ser omitido, mas é preciso atenção para não "glamourizá-lo"

Ataque em Suzano (SP): neuropsiquiatra alerta que atentado deve ser tratado com distanciamento e respeito, sem banalização (Amanda Perobelli/Reuters)

Ataque em Suzano (SP): neuropsiquiatra alerta que atentado deve ser tratado com distanciamento e respeito, sem banalização (Amanda Perobelli/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de março de 2019 às 09h27.

Última atualização em 15 de março de 2019 às 14h06.

São Paulo — A repercussão do tiroteio na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, pode contribuir para a ocorrência de crimes semelhantes, alertam especialistas.

"A divulgação pode potencializar algumas pessoas mais vulneráveis, sugestionáveis a querer reproduzir essa ação", afirma Antonio Serafim, diretor da área de neuropsicologia do Hospital das Clínicas (HC).

A opinião é compartilhada pelo psiquiatra Daniel Martins de Barros, do Instituto de Psiquiatria, também do HC, e colunista do jornal O Estado de S. Paulo. "Eventualmente, pessoas que passam por situação semelhante começam a considerar a mesma hipótese."

Para evitar o aumento de ataques, o psiquiatra diz que é importante, por exemplo, não compartilhar fotos das vítimas mortas.

"Divulgar essas informações pode perpetuar o mesmo comportamento", afirma. Nesta quarta-feira, após o ataque, vídeos e fotos das vítimas da tragédia repercutiram nas redes sociais.

O neuropsiquiatra Dartiu Xavier, professor da Faculdade Paulista de Medicina, alerta que o caso deve ser tratado com distanciamento e respeito, sem banalização. A exposição às informações, diz, afeta as pessoas de maneira diferente e, por isso, é preciso cuidado.

"Às vezes, um padrão de comportamento acaba sendo imitado. Isso vale para agressão e também para suicídio. Acaba servindo de estímulo", comenta o professor.

Sem glamour

Segundo Xavier, o episódio não deve ser omitido, mas é preciso atenção para não glamourizá-lo. "A gente copia muito esse modelo americano de glamourização da violência, e isso deveria ser combatido", diz o psiquiatra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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