João Alberto: coube ao senador, o mais antigo entre titulares da comissão, abrir os trabalhos (Waldemir Barreto/Agência Senado)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2014 às 15h54.
Brasília - Quase dois meses após ser apresentada, a CPI mista para investigar suspeitas de corrupção na Petrobras abriu nesta quarta-feira sua primeira reunião de trabalho.
A CPI mista é vista pelos opositores como única forma de apurar denúncias que pesam sobre os negócios da estatal sem a tutela governista.
Já há uma CPI da Petrobras em andamento, integrada apenas por senadores. Ela é totalmente controlada pela base e vem sendo boicotada pelos opositores.
Coube ao senador João Alberto (PMDB-MA), o mais antigo entre os titulares da comissão, abrir os trabalhos.
É previsto para hoje a eleição do presidente e do relator da comissão. A tendência é que os cargos sejam ocupados, respectivamente, pelo senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que já preside a CPI exclusiva do Senado, e pelo deputado Marco Maia (PT-RS), ex-presidente da Câmara.
Sentado na primeira fila em uma sala lotada, o pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG) vai participar da reunião.
O tucano vai apelar a uma manobra regimental para poder se manifestar no primeiro encontro da CPI. O adversário da presidente Dilma Rousseff não integra a comissão - alegou falta de tempo devido à campanha eleitoral.
No entanto, vai assumir provisoriamente a liderança do partido no Senado nesta quarta-feira para que possa se posicionar sobre o escândalo envolvendo a estatal.
Líderes podem fazer uso da palavra em qualquer comissão, prerrogativa permitida no regimento interno da Casa.
A manobra é possível devido à ausência do líder tucano, senador Aloysio Nunes (SP), que está em missão oficial em Taiwan. O primeiro vice-líder, Cassio Cunha Lima (PB), está em compromissos no Estado.
A comissão tem potencial para se transformar num problema para o governo e para o projeto de reeleição de Dilma.
Dos 32 integrantes da comissão que reunirá deputados e senadores, 13 são da oposição ou integram a ala de aliados rebeldes, que não se alinham automaticamente ao Planalto.
Entre os rebelados que vão integrar a CPI mista estão deputados que ainda negociam palanques em seus Estados - ou seja, têm interesse em pressionar o governo.
Também há deputados que já embarcaram em alianças locais com siglas de oposição e vão dar palanque e apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves.
É o caso do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e do correligionário Lúcio Vieira Lima (BA), bem como dos deputados Bernardo Santana (PR-MG), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) e Enio Bacci (PDT-RS).
A soma desses parlamentares com os oito integrantes da oposição deixa o governo em situação de risco e coloca em xeque o controle da CPI mista pelo governo, que conta com 19 integrantes fiéis.
Apesar de os opositores e os rebelados não serem maioria, qualquer cochilo da tropa de choque do Planalto poderá se transformar num transtorno para Dilma.
Convocações e quebras de sigilos indesejadas poderão ser aprovadas na comissão.