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Corte de água na zona norte de SP é pior que racionamento

O tempo que os moradores ficam sem água já é proporcionalmente igual ao esquema "5 por 2" sugerido no plano da Sabesp


	Torneira: a água chega às torneiras durante cinco horas por dia. Nas outras 19, nada
 (Divulgação/Cesan)

Torneira: a água chega às torneiras durante cinco horas por dia. Nas outras 19, nada (Divulgação/Cesan)

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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2015 às 11h54.

São Paulo - Na Vila Diva, região do Limão, na zona norte da capital, o tempo que os moradores ficam sem água já é proporcionalmente igual ao esquema "5 por 2", ou o "rodízio drástico" sugerido no plano da Sabesp.

Lá, a água chega às torneiras durante cinco horas por dia. Nas outras 19 horas, nada.

Para comparar: pela proposta extrema, a população teria água em 28,5% de cada semana. Na Vila Diva, o abastecimento ocorre atualmente só em 20,8% do tempo do dia.

A diferença é que a água volta a tempo de abastecer as caixas d’água recém esvaziadas, reduzindo os transtornos.

Não são todos os moradores do bairro, porém, que têm caixas. "A gente chega cansado, sem água, com bebê para cuidar, e tem de sair de casa. Tem de ir na casa da sogra para dar banho na criança. Minha filha fica exposta à friagem da noite todos os dias. Não à toa, está gripada", contou na noite de quinta-feira, 7, a autônoma Fernanda Peixoto Alves Pita, de 37 anos, moradora de uma das ruas do bairro, com a filha no colo, enquanto fritava batatas para o jantar. Ao lado, na pia da cozinha, água mineral.

As garrafas compradas no mercado são usadas para lavar verduras e cozinhar arroz.

A nova rotina da moradora do bairro, que começou há cerca de dois meses, segundo vizinhos, inclui também usar qualquer vasilha vazia para guardar a água que chega. Isso na região da cidade em que a epidemia de dengue é mais intensa.

Fernanda não consegue esconder a revolta. "Sabe, eu nem peço para meu filho mais velho tomar banho rápido. Também tomo o meu com calma. Deixo minha neném respirar o vapor, por causa da gripe", contou.

Questionada se havia sido informada pelas autoridades, de alguma maneira, que seria tão prejudicada pelo corte no abastecimento, ela disse que só houve "falta de respeito".

A falta de informação cria ainda um sentimento de desconfiança, que dá espaço para teorias da conspiração. "Duvido que não tenha água (nas represas). Estão escondendo", afirmou a negociadora de cobranças Jaqueline Bianca, de 20 anos, sobrinha de Fernanda.

Caixas d’água

A redução da pressão tem sido uma estratégia da Sabesp para economizar. Mas a Vila Diva vivia uma situação menos desconfortável até janeiro, segundo conta outra moradora do bairro, a cuidadora de idosos Vera Lúcia de Castro Tessaro, de 68 anos.

"No ano passado, a água durava até o fim da tarde. Mas, então, aconteceu de ficar dois dias inteiros sem água. Depois ficou alternando. Agora, é essa coisa de a água acabar na hora do almoço. Nesta rua, toda a situação está assim", disse a cuidadora, apontando para a Rua Carolina Soares, ponto comercial do bairro.

Vera Lúcia mora na Vila Diva há 58 anos. Seu imóvel tem duas casas nos fundos, que aluga para complementar a renda. São três famílias sem água na maior parte do dia.

"Eu comprei duas caixas d’água. Uma para mim, e outra para as casas de baixo. Instalei neste ano. Antes, tinha uma caixa que não estava nem ligada", contou.

O investimento às pressas, contudo, deixou brechas em lugares importantes. "O encanamento do chuveiro é da água da rua. Então, de qualquer forma, tenho de me arrumar para ter água para o banho."

O jornal O Estado de S. Paulo procurou a assessoria da Sabesp, por volta das 22 horas, para falar sobre o problema relatado pelos moradores da Vila Diva. Até as 23h30, não havia sido enviada resposta oficial.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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