Correios: valor de mercado da estatal deve ser divulgado em breve (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Carla Aranha
Publicado em 11 de agosto de 2021 às 17h59.
Última atualização em 13 de agosto de 2021 às 20h08.
Já houve quem dissesse que os Correios valem o mesmo que o Mercado Livre, uma das empresas mais valiosas da América Latina, cotada em 60 bilhões de dólares. Foi o que disse, no ano passado, a Associação dos Profissionais dos Correios, contrária à privatização da estatal.
“Temos a maior capilaridade do Brasil e exercemos um papel fundamental na entrega de encomendas, maior do que a de empresas do setor”, disse o vice-presidente da entidade, Marcos César Alves, à época. Não faltaram também palpites do governo. O Ministério das Comunicações chegou a falar em 15 bilhões de reais, sem explicar muito bem a conta. Mas, afinal, quanto valem os Correios?
Desde o final do ano passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vem conduzindo uma série de estudos de modelagem econômica da privatização dos Correios, aprovada no dia 5 pela Câmara. Até outubro, o valution deve ser finalizado, após um extenso levantamento do passivo, ativo e de outros elementos econômico-financeiros fundamentais.
“Provavelmente, vamos optar por faixas de valutation, realizadas de acordo com cenários de mercado a respeito da evolução do e-commerce e do setor de entregas como um todo”, diz Fabio Abrahão, diretor de concessões e privatizações.
O processo é desafiador. Foram contatados dois consórcios para colaborar com os estudos. O Carta Brasil (composto pela KPMG e Manesco, Ramires, Perez, Azevedo Marques Sociedade de Advogados) se dedica à avaliação contábil-patrimonial, jurídica e técnico-operacional, enquanto o Consórcio Postar, formado pela Accenture e Machado, Meyer, Sendacz, Opice e Falcão Advogados, estuda o modelo de alienação da estatal.
Entre as missões do BNDES, talvez uma das mais complexas seja equacionar um passivo de cerca de 7 bilhões de reais do Postalis, fundo de pensão dos funcionários, que ainda não foi endereçado. A dívida total dos Correios bate os 14 bilhões de reais, segundo o Ministério da Economia, mesmo valor do ativo. Mas falta examinar isso tudo e descobrir eventuais esqueletos no armário, já que há dúvidas sobre o valor exato do passivo. Até agora, nenhum fantasma muito grande apareceu.
Uma vez finalizados os estudos, programados para serem entregues até outubro, o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos deverá ser reunir para analisar o material apresentado. Depois disso, os estudos seguem para consulta pública, quando devem ficar disponíveis para a população. As informações também serão reunidas em um data room disponível ao mercado.
Com a aprovação da privatização dos Correios, empresas e fundos de investimento interessados do negócio começaram a se movimentar mais. Segundo fontes de mercado, multinacionais de e-commerce estão analisando a operação, assim como operadores internacionais de logística e fundos dispostos a formar consórcios para participar do leilão, programado para março do ano que vem.