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Coronel nega ser mandante da morte de juíza

No entanto, Cládio Luiz da Silva afirmou que a PM do Rio desvia armas e drogas apreendidas com criminosos

Assassinada em agosto, Patrícia Lourival Acioli era conhecida por sua atuação contra a violência cometida por policiais militares da região (Reprodução)

Assassinada em agosto, Patrícia Lourival Acioli era conhecida por sua atuação contra a violência cometida por policiais militares da região (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2011 às 16h49.

Rio de Janeiro - O coronel da Polícia Militar (PM) do Rio Cláudio Luiz Silva de Oliveira negou hoje (18), durante audiência na 3ª Vara Criminal do Tribunal do Júri de Niterói, ter participado do assassinato da juíza Patrícia Acioli. O oficial é acusado de ser o mandante da emboscada feita na madruga de 12 de agosto deste ano para matar a magistrada. Apesar da negativa, ele confirmou a existência de outro tipo de crime dentro da corporação: o chamado “espólio de guerra” - drogas, armas e dinheiro apreendidos pela PM e desviados antes do registro na Polícia Civil.

Durante o depoimento de mais de duas horas, o coronel disse também que desconhecia qualquer intenção de seus subordinados de executar a magistrada, morta com 21 tiros ao chegar em casa, em um condomínio em Niterói. Patrícia Acioli atuava na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo e era conhecida pelo rigor com que julgava crimes envolvendo policiais. Segundo a Delegacia de Homicídios, as decisões da juíza prejudicavam negócios ilícitos da quadrilha que agia no Batalhão de São Gonçalo, à época comandado por Cláudio Luiz.

O coronel disse ainda que mantinha apenas relações profissionais com o tenente Daniel Santos Benitez Lopes e o cabo Jeferson de Araújo Miranda. Eles fazem parte do grupo de 11 policiais militares – entre os quais o próprio Cláudio Luiz - acusados do crime. Perguntado sobre sua proximidade com Benitez - segundo acusação ele pediu o consentimento do coronel para executar a juíza -, Cláudio Luiz assinalou que o oficial "gozava da mesma confiança que os demais" ."Nunca percebi a intenção [de Benitez de matar a juíza]. Se tivesse percebido, teria tomado as providências."

Primeiro dos oito acusados a ser ouvido hoje, o coronel falou a existência do chamado espólio de guerra na PM. No entanto, garantiu que não tomou conhecimento desse crime durante o período em que comandou o Batalhão de São Gonçalo. "O espólio de guerra é um prática comum em batalhões, mas quando chega ao conhecimento do comando ele tem que tomar as devidas providências."

Ao final do interrogatório, o advogado do coronel, Manuel de Jesus, falou sobre depoimento do cabo Jeferson de Araújo. Ao depor ontem (17), Araújo não confirmou a participação do Cláudio Luiz na execução. Quando foi ouvido pela Delegacia de Homicídios, o cabo disse, em troca dos benefícios da deleção premiada, que o coronel era o mentar do crime.

Para Manuel Jesus, o depoimento do cabo na audiência de ontem pode beneficiar Cláudio Luiz. "Cria-se uma situação de dúvida [em relação à culpa do coronel]. Afinal de contas, ele [Jeferson] declarou que teria ouvido afirmações de Benitez sobre condutas do coronel A partir disso, essas afirmativas, deixaram de existir.”

Em depoimento à Justiça, Araújo disse que foi coagido a mentir sob pena de ser transferido para os presídio de Bangu 1 ou de Catanduvas (PR). Já o tenente Daniel Benitez, que esteve na audiência ontem, preferiu o silêncio.

O advogado Técio Lins e Silva, assistente de acusação no caso, classificou o depoimento do coronel como "rizível' e "não convincente". Sobre as declarações de Jeferson, Técio disse que o fato dele voltar atrás é "um deboche da própria Justiça". Já em relação ao silêncio de Benitez, destacou: "Quem cala, consente".

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