Coronavírus: infectologista da UFRJ teme explosão de casos com reabertura
Roberto Medronho disse ainda que enquanto número de internações de coronavírus cai, o de morte em domicílios aumenta
Agência O Globo
Publicado em 1 de junho de 2020 às 08h51.
O infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Roberto Medronho fez um alerta, nesta segunda-feira, para o risco que representa o afrouxamento das medidas de isolamento social por causa da pandemia de coronavírus . Em entrevista ao "Bom Dia Rio", da TV Globo, ele afirmou que teme uma explosão de casos caso isso ocorra e destacou o aumento do número de mortes em domicílios.
"Não é para abrir. É para fechar mais", frisou ele.
De acordo com Medronho, a queda do número de internações não significa que o número de mortes pela Covid-19 esteja em queda:
"Se as internações diminuíram, por outro lado nós temos visto um número de óbitos domiciliares, em casa, bem maior do que o ano passado. Mais de 800 óbitos. Oitocentos e setenta e seis no estado e 846 no município do Rio".
Sobre a reabertura de shoppings e restaurantes, mesmo com um número reduzido de clientes, ele citou que atualmente o Rio está com a curva de casos de coronavírus aumentando e, por isso, seria um risco enorme esse tipo de medida.
"Impressionante que mesmo os países que fizeram a abertura na descendência (da curva de casos), os países europeus, com a população bem treinada para isso, o número de casos subiu. Aqui eu tenho muito medo que exploda. Nenhum país do mundo abriu na ascendência da curva. O remédio que nós estamos propondo é um remédio amargo. Eu sei disso. Eu fui pediatra anos. Não era porque o remédio era amargo que eu ia deixar de dar".
Para o infectologista, as autoridades devem esperar mais para começar diminuir o isolamento:
"Esperaria, se tiver que abrir desesperadamente, mais duas semanas no mínimo".