Torcedores da Argentina comemoram vitória sobre a Bósnia na Copa do Mundo, em Copacabana (Marco Bello/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2014 às 16h33.
Rio de Janeiro - A orla carioca vestiu as cores de diversos países desde o início da Copa do Mundo, mas os latino-americanos que desembarcaram no Rio de Janeiro tomaram conta dos pontos turísticos, praias e bares da cidade.
Com fama internacional e diversas atrações como Corcovado, Pão de Açúcar, praias e o histórico Maracanã, a cidade é considerada a principal porta de entrada de estrangeiros no país e por isso concentra uma variedade de nacionalidades, desta vez em clima de Copa do Mundo.
Chilenos, colombianos, mexicanos e argentinos carregam bandeiras e vestem as cores e camisas de seus países, numa harmonia colorida, mesmo quando estão fora das arquibancadas.
Os latino-americanos somaram, no ano passado, quase metade dos 6 milhões de turistas estrangeiros, segundo o Ministério do Turismo.
A cidade multicolorida, no entanto, ganhou no fim de semana um tom mais azul-e-branco com a chegada de milhares de argentinos para ver no domingo o ídolo Lionel Messi na estreia da seleção na Copa, no Maracanã, contra a Bósnia.
A estimativa é que mais de 50 mil argentinos estiveram no Rio de Janeiro para o jogo. Eles deixaram mais de 100 milhões de reais no Rio de Janeiro, só no período do jogo, de acordo com autoridades da área de turismo.
A onda azul-e-branca sentiu-se em casa: a praia virou dormitório e banheiro para muitos argentinos que chegaram apenas com mochila nas costas e sede de torcer. Carros de grande porte como trailers invadiram o bairro de Copacabana, principal ponto de concentração dos argentinos.
“Copacabana virou Buenos Aires nesses dias. Agora parece Mercosul, porque já tem chileno chegando”, disse à Reuters Márcia Marinho, moradora do bairro.
“Fomos surpreendidos com a chegada de trailers, carros e outros veículos que chegaram. Isso precisa ser visto com atenção, mas é uma Copa do Mundo na América do Sul, o que facilita a invasão latina. E torcemos para uma final latina, aí o turismo vai explodir”, afirmou o secretário de Turismo do Estado, Cláudio Magnavita.
Apesar da algazarra, muitas vezes com jeito de bagunça, as autoridades do Rio de Janeiro estão fazendo figa para o sucesso de seleções como Argentina, Colômbia, Equador, México, Honduras e Costa Rica. Entendem que o sucesso delas vai ser benéfico para o Rio de Janeiro.
“Eles são bem-vindos. Nosso principal mercado emissivo é o argentino e é louvável torcer para eles”, disse o secretário de Turismo.
De acordo com uma fonte do Ministério do Turismo, chilenos e argentinos que vêm em caravana assistir à Copa do Mundo gastam em média metade do que os que chegam de avião e se hospedam em hotéis. O gasto médio do turista "tradicional" chega a 1.200 dólares durante uma semana.
“Temos que torcer sim pelos latinos, mas de preferência para os andinos como colombianos, equatorianos. São turistas que gastam mais e mais interessante para o Brasil. É um perfil mais adensado e deixam mais divisas”, disse a fonte do ministério, que pediu anonimato.
Acampados na Rodoviária
Alguns chilenos, na condição de mochileiros e assustados com os preços no Rio de Janeiro, seguiram a linha dos argentinos e se viram como podem na cidade.
Um ponto de pouso dos estrangeiros tem sido a rodoviária da capital, outra porta de entrada dos latinos na cidade. O saguão virou um acampamento.
Os turistas com menos dinheiro no bolso se ajeitam no terminal para dormir e durante o dia aproveitam para conhecer a cidade.
“Trouxe pouco dinheiro. Cem reais por dia e vi que não ia dar para hospedagem e comida. O jeito foi ficar por aqui e curtir a cidade durante o dia”, afirmou o chileno Andrés Merino, que viajou cinco dias de ônibus para chegar ao Brasil e paga 5 reais ao dia para poder usar o banheiro do terminal.
“Está muito bagunçado por aqui, mas é Copa do Mundo. Vale tudo”, disse à Reuters uma funcionária da rodoviária em condição de anonimato.
A previsão da Secretaria Estadual de Turismo é que o Estado receba até o fim da Copa 500 mil turistas, número bem próximo dos 600 mil, em tese, estimados inicialmente pela Embratur para o país inteiro.
“Ainda trabalhamos com 600 mil turistas estrangeiros, mas com expectativa de ser maior. Aguardamos os dados de desembarque da Polícia Federal para ter esse número após a Copa”, declarou o Ministro do Turismo, Vinicius Lages, a jornalistas na segunda-feira.
Um nova estratégia de promoção turística está sendo elaborada pelo ministério para potencializar o turismo no Brasil a partir da Copa do Mundo e tendo em vista as Olimpíadas de 2016.
“Temos que aproveitar essa visibilidade, a hospitalidade como grande atributo, para investir em serviço e qualificação para colhermos frutos no futuro. Sem dúvida, o mercado latino está no nosso alvo”, afirmou Lages.