Corecon-SP defende crescimento baseado em infraestrutura
Carlos Safatle, presidente do Conselho Regional de Economia de SP, lamenta o modelo de crescimento baseado em consumo, adotado pelo governo federal
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.
Brasília - O modelo de crescimento econômico no Brasil precisa ser modificado, avaliou o presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Carlos Alberto Safatle, ao comentar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado hoje (3) pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE).
Segundo Safatle, por conta da crise financeira internacional no ano passado e as eleições neste ano, o governo optou por um modelo baseado no estímulo ao consumo. "É um modelo de curto prazo e não sustentável", afirmou. Para ele, é preciso mudar de consumo para investimento em infraestrutura, como estradas, aeroportos e portos. "O modelo de investimento é sustentável e de longo prazo", acrescentou.
No ano passado, a opção pelo estímulo ao consumo - com a redução de impostos para eletrodomésticos, por exemplo, e a ampliação do crédito - foi uma medida emergencial, na avaliação de Safatle.
Para o presidente do Corecon-SP, além de aumentar os investimentos, é necessário diminuir os impostos. "Existem estudos que comprovam: menos impostos, mais emprego", disse. Segundo ele, a redução dos tributos aumenta o poder de compra da população e por consequência a produção das empresas. "Nenhum governo quer abrir mão de sua arrecadação [com redução da carga tributária]", afirmou.
Para este ano, Safatle mantém a previsão de que economia crescerá entre 7% e 7,2%. Para 2011, a expectativa é de redução desse ritmo, para 4,5% a 5%.
Segundo dados do IBGE, o PIB cresceu 1,2% na comparação do segundo trimestre de 2010, descontados os fatores sazonais, com o primeiro trimestre do ano. O maior destaque foi a agropecuária (2,1%), seguida pela indústria (1,9%).
Os serviços apresentaram crescimento de 1,2%. A formação bruta de capital fixo (investimento planejado) teve expansão de 2,4% no segundo trimestre deste ano e a despesa de consumo das famílias cresceu 0,8%.
Para Safatle, a agropecuária tem se mostrado muito poderosa nos últimos anos. A inflação não subiu, inclusive, por causa da nossa agricultura. Tem respondido bem, ajudando nas exportações e mantendo com fartura a mesa do brasileiro. O setor de serviços também tem contribuído bastante.
Ele acrescentou que o país precisa investir em tecnologia para ampliar os produtos exportados, atualmente muito concentrados em commodities (matérias-primas).
Na avaliação do professor de economia da Universidade de São Paulo (USP), Gilson de Lima Garófalo, o crescimento do setor agropecuário no segundo trimestre foi influenciado pelo período de colheita e pelas exportações de commodities.
Na indústria, em junho, houve quase uma paralisação do ritmo de atividade porque o Brasil parou para Copa do Mundo, acrescentou. Outra fator apontado por Garófalo é a base de comparação do resultado deste ano, que é desfavorável porque em 2009 o país enfrentou efeitos da crise financeira internacional. Em 2011, continuaremos a crescer, provavelmente em ritmo menor, previu.
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