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Conversa entre Temer e Rocha Loures pode gerar novo inquérito

Em uma ligação que durou pouco mais de 2 minutos, o deputado buscava saber sobre a assinatura do Decreto dos Portos

Michel Temer: o presidente assinou o decreto para facilitar investimentos privados nos portos em 10 de maio (Christopher Goodney/Bloomberg/Bloomberg)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de maio de 2017 às 21h55.

Brasília - Uma conversa por telefone na qual o presidente Michel Temer fala com o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), interceptada pela Polícia Federal, pode gerar um novo pedido de inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A informação foi confirmada pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

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No dia 4 de maio deste ano, Temer recebeu ligação de Loures, que estava grampeado.

O deputado buscava saber sobre a assinatura do Decreto dos Portos e a conversa durou pouco mais de 2 minutos.

O presidente da República informou o parlamentar que iria assinar o decreto na outra semana.

Depois de falar com Temer, Loures passou informações também por telefone a Ricardo Conrado Mesquita, membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira dos Terminais Portuários e diretor da empresa Rodrimar, que opera no Porto de Santos.

Em 10 de maio, Temer assinou decreto para facilitar investimentos privados nos portos.

Na conversa ao telefone, o presidente indica o que é uma das principais mudanças previstas no decreto: o aumento para 35 anos de prazos dos contratos de arrendatários, prorrogáveis por até 70 anos.

Após Loures comentar que teve informação de que já teria sido assinado o decreto, Temer responde:

"Não. Vai ser assinado na quarta-feira à tarde ... Vai ser numa solenidade até, viu?". Em outro trecho da conversa, o presidente diz que "Aquela coisa dos setenta anos lá para todo mundo parece que está acertando aquilo lá...".

A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve pedir a abertura de inquérito para investigar Loures, por suspeita de tráfico de influência.

Os investigadores ainda avaliam o caso para definir se o presidente deve ou não ser incluído no pedido de investigação.

Defesa

Em nota, o Planalto afirma que "houve amplo debate com o setor antes da publicação do decreto de renovação das concessões de portos.

Todos os dados são públicos". O Planalto informa que as conversas não continham nenhum objeto protegido por sigilo tampouco informações privilegiadas.

"Na conversa entre o presidente Michel Temer e o deputado Rodrigo Rocha Loures, somente se revela o dia em que estava programado evento público para assinatura do ato. Sequer o conteúdo foi repassado como informação. Nas conversas subsequentes, o deputado dialoga com empresários e falam da preparação da divulgação, inclusive para a imprensa. O assunto não comportava nenhum sigilo ou informação privilegiada, apenas a publicação do decreto que finaliza o longo processo de negociação entre o governo e o setor empresarial, como é comum e legítimo em uma democracia", consta na nota do Planalto.

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