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Contrariando seu partido, Jungmann diz que fica no cargo

O ministro assistiu ao pronunciamento de Michel Temer ao lado dos comandantes e reiterou a eles que não deixaria a pasta

Jungmann: apesar da resistência de seu partido, PPS, o ministro confirmou a Temer que permaneceria no cargo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Jungmann: apesar da resistência de seu partido, PPS, o ministro confirmou a Temer que permaneceria no cargo (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de maio de 2017 às 19h36.

Brasília - Depois de se reunir com os comandantes militares em seu gabinete, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, foi para o Palácio do Planalto, atender a uma chamado do presidente Michel Temer.

Na conversa, Jungmann confirmou a Temer que permaneceria no cargo, apesar da resistência de seu partido, o PPS, em continuar no governo.

O ministro da Cultura, Roberto Freire, também do PPS, estava disposto a deixar o governo e tentava levar Jungmann, mas não obteve sucesso.

Jungmann assistiu ao pronunciamento de Temer ao lado dos comandantes e reiterou a eles que não deixaria a pasta.

Avisou ainda que já tinha repassado a informação ao presidente e que iria distribuir uma nota pública, anunciando sua decisão, para rebater as notícias divulgadas sobre sua saída.

Para o ministro, de acordo com interlocutores, a decisão de ficar não passava apenas pela esfera partidária. Havia a questão de estabilidade, já que tem as Forças Armadas subordinadas à sua pasta.

A avaliação da cúpula militar é que as Forças Armadas não têm nada a fazer neste caso, a não ser acompanhar a evolução dos fatos e passar o máximo de normalidade ao país.

A decisão de Jungmann de permanecer no cargo é considerada positiva pelos militares neste momento, porque ela contribui para garantir a estabilidade do país.

A intenção das Forças é mostrar que os militares estão aí apenas para assegurar esta estabilidade, fora de qualquer articulação política.

No encontro, as impressões foram de que a fala de Temer foi "firme", "contundente", "convincente" e "curta, como deveria ser".

A partir daí, explicaram militares ouvidos pela reportagem, era esperar como o meio político reagiria, embora o entendimento inicial deles era de que não haveria debandada e os ministros se manteriam ao lado de Temer, pelo menos por enquanto.

Os militares lembram, no entanto, que a situação tem evoluído quase que de hora em hora, a cada novo fato que surge.

Com isso, acham que as novas apurações e divulgações é que definirão o rumo político que vai ser seguido.

No governo, diante da crise, começaram a circular informações de que o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e ex-ministro da Defesa de Lula e Dilma e da Justiça, de Fernando Henrique, Nelson Jobim, seria procurado como uma possibilidade de saída, caso a situação se tornasse insustentável.

Mas é unânime a avaliação de que a situação política de Michel Temer "é muito difícil" e todos esperavam a divulgação das fitas com os áudios da conversas do presidente com o executivo da JBS, Joesley Batista.

Para os militares, a situação ficou mais crítica com a decisão do STF de abrir processo contra o presidente Temer.

Os militares estão acompanhando a situação em todo o país.

Desde cedo, Jungmann estava mantendo contanto com os comandantes e sinalizando que não pretendia deixar o cargo.

Combinaram uma reunião para depois do almoço, quando as coisas estariam mais claras, aproveitando uma agenda previamente marcada.

Os comandantes não devem deixar Brasília nos próximos dias, a pedido de Jungmann.

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