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Construtoras mudam mapa de São Paulo

A Chácara Klabin, por exemplo, está localizada na Vila Mariana, zona sul de São Paulo e as novas construções feitas ali validaram o "batismo" dado pelas construtoras

Região da Avenida Paulista, em São Paulo (Jurema Oliveira/Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2012 às 16h58.

São Paulo - O mapa dos bairros de São Paulo está em transformação - pelo menos para imobiliárias e construtoras. A estratégia é substituir nomes sem apelo comercial e, aos poucos, mudar a cara da região em busca de clientes interessados em morar ou trabalhar em locais considerados mais atrativos. Basta olhar os classificados. Sobram ofertas de imóveis no Itaim Nobre, Baixo Perdizes, Alto da Boa Vista, Brooklin Novo e na City Formosa. Bairros que oficialmente não existem.

O boom imobiliário alimenta as mudanças e dá vida aos novos bairros, a partir da venda de unidades residenciais. A Chácara Klabin é uma das representantes do fenômeno. A área da zona sul que recebeu esse nome está localizada na Vila Mariana, mas as novas construções feitas ali validaram o "batismo" dado pelas construtoras. Os corretores de imóveis seguiram a mesma linha e até o Metrô abriu a Estação Chácara Klabin no bairro informal.

Nas últimas duas décadas, as transformações mais acentuadas se concentraram na região do Morumbi, na zona sul, que ganhou pelo menos três subdivisões: Panamby, Portal do Morumbi e Jardim Sul. Elas substituíram, extraoficialmente, a Vila Andrade e a Vila Sônia, ambas com menor apelo comercial. Perto dali, o distrito de Santo Amaro também foi fatiado. Por lá, surgiram, por exemplo, o Brooklin Novo e o Alto da Boa Vista.

A confusão aumenta porque a divisão atual já é polêmica. Para a Prefeitura, a cidade nem sequer tem bairros, apenas distritos - alguns representam verdadeiras cidades, como o Grajaú, com mais de 440 mil moradores. Mas, mesmo informais, as antigas denominações ajudam o cidadão a se localizar na metrópole de 11 milhões de pessoas e as novas já forçam a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) a planejar a atualização de seu banco de dados.

"Nossos estudos são de 1977. De lá para cá, muita coisa mudou na cidade sob a influência do mercado imobiliário, que inventa novos bairros como alternativa de marketing. Alguns, no entanto, foram incorporados realmente e precisam ser listados. A atualização deve sair no ano que vem", afirma Luiz Antonio Pompéia, presidente da Embraesp.


A entidade ressalta, no entanto, que, enquanto outros bairros são reduzidos para o surgimento de outros, há aqueles que são estendidos. Para atrair a clientela em busca de requinte, corretores ampliam os limites dos bairros de acordo com seus interesses de venda. Higienópolis, no centro, é exemplo. Com a valorização da área, os vizinhos passaram a tirar uma lasquinha da fama de luxo do bairro. "O resultado é que Santa Cecília, Vila Buarque e até a Barra Funda viraram Higienópolis", diz Pompeia.

Com 40 anos de experiência no ramo da corretagem de imóveis, José Carlos Saldanã, de 61 anos, cita o Jardim Anália Franco como o principal exemplo de expansão de limites na zona leste. "Com a fama boa do bairro, os limites dele não param de crescer. Agora, já existe o Parque Anália Franco, que, na verdade, é Regente Feijó", diz. "Não muito longe dali, estão criando a City Formosa, no melhor pedaço da Vila Formosa."

Lançamentos. Os megaempreendimentos também ajudam a espalhar as novas divisões de território. Pelo menos dois deles têm potencial para ganhar status de bairro. Na zona sul, o Parque da Cidade é um dos candidatos. Projetado pela Odebrecht Realizações (OR), ele terá dez torres, entre prédios comerciais, residenciais, shopping e hotel. No lançamento, a Chácara Santo Antonio, onde está localizado o terreno de 80 mil m², nem sequer foi mencionada.

O diretor de Incorporação da OR, Saulo Nunes, nega que a intenção da empresa seja criar um bairro, mas reconhece que o processo pode ocorrer de forma natural. "No nosso caso, o nome Parque da Cidade traduz o projeto que tem o conceito de cidade compacta, sem muros e com uma ampla área verde. Ele foi definido a partir de um estudo contratado para esse objetivo, mas, para que funcione, deve ser fiel à proposta. Não adianta dar o nome de parque se não houver de fato um ali", afirma.

Privativo. Do outro lado do Rio Pinheiros, a Rossi criou o Paulistano, seu "bairro privativo" na região do Morumbi. Na propaganda, há uma área de 155 mil m² ocupada por casas, edifícios, praças e bosque, além de um centro comercial e um clube com mais de 40 itens de lazer.

Com 30 torres planejadas para a Barra Funda, na zona oeste, a Tecnisa também já planejou seu novo bairro: o Jardim das Perdizes. O megaempreendimento será erguido em uma área de 250 mil m², entre as Avenidas Marquês de São Vicente, Nicolas Boer e Gustav Willi Borghoff. A obra ainda não saiu do papel, mas a Prefeitura já incorporou a nomenclatura e batizou a área verde que será aberta ali como uma espécie de contrapartida social. O nome já foi parar na placa. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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São Paulo - O mapa dos bairros de São Paulo está em transformação - pelo menos para imobiliárias e construtoras. A estratégia é substituir nomes sem apelo comercial e, aos poucos, mudar a cara da região em busca de clientes interessados em morar ou trabalhar em locais considerados mais atrativos. Basta olhar os classificados. Sobram ofertas de imóveis no Itaim Nobre, Baixo Perdizes, Alto da Boa Vista, Brooklin Novo e na City Formosa. Bairros que oficialmente não existem.

O boom imobiliário alimenta as mudanças e dá vida aos novos bairros, a partir da venda de unidades residenciais. A Chácara Klabin é uma das representantes do fenômeno. A área da zona sul que recebeu esse nome está localizada na Vila Mariana, mas as novas construções feitas ali validaram o "batismo" dado pelas construtoras. Os corretores de imóveis seguiram a mesma linha e até o Metrô abriu a Estação Chácara Klabin no bairro informal.

Nas últimas duas décadas, as transformações mais acentuadas se concentraram na região do Morumbi, na zona sul, que ganhou pelo menos três subdivisões: Panamby, Portal do Morumbi e Jardim Sul. Elas substituíram, extraoficialmente, a Vila Andrade e a Vila Sônia, ambas com menor apelo comercial. Perto dali, o distrito de Santo Amaro também foi fatiado. Por lá, surgiram, por exemplo, o Brooklin Novo e o Alto da Boa Vista.

A confusão aumenta porque a divisão atual já é polêmica. Para a Prefeitura, a cidade nem sequer tem bairros, apenas distritos - alguns representam verdadeiras cidades, como o Grajaú, com mais de 440 mil moradores. Mas, mesmo informais, as antigas denominações ajudam o cidadão a se localizar na metrópole de 11 milhões de pessoas e as novas já forçam a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) a planejar a atualização de seu banco de dados.

"Nossos estudos são de 1977. De lá para cá, muita coisa mudou na cidade sob a influência do mercado imobiliário, que inventa novos bairros como alternativa de marketing. Alguns, no entanto, foram incorporados realmente e precisam ser listados. A atualização deve sair no ano que vem", afirma Luiz Antonio Pompéia, presidente da Embraesp.


A entidade ressalta, no entanto, que, enquanto outros bairros são reduzidos para o surgimento de outros, há aqueles que são estendidos. Para atrair a clientela em busca de requinte, corretores ampliam os limites dos bairros de acordo com seus interesses de venda. Higienópolis, no centro, é exemplo. Com a valorização da área, os vizinhos passaram a tirar uma lasquinha da fama de luxo do bairro. "O resultado é que Santa Cecília, Vila Buarque e até a Barra Funda viraram Higienópolis", diz Pompeia.

Com 40 anos de experiência no ramo da corretagem de imóveis, José Carlos Saldanã, de 61 anos, cita o Jardim Anália Franco como o principal exemplo de expansão de limites na zona leste. "Com a fama boa do bairro, os limites dele não param de crescer. Agora, já existe o Parque Anália Franco, que, na verdade, é Regente Feijó", diz. "Não muito longe dali, estão criando a City Formosa, no melhor pedaço da Vila Formosa."

Lançamentos. Os megaempreendimentos também ajudam a espalhar as novas divisões de território. Pelo menos dois deles têm potencial para ganhar status de bairro. Na zona sul, o Parque da Cidade é um dos candidatos. Projetado pela Odebrecht Realizações (OR), ele terá dez torres, entre prédios comerciais, residenciais, shopping e hotel. No lançamento, a Chácara Santo Antonio, onde está localizado o terreno de 80 mil m², nem sequer foi mencionada.

O diretor de Incorporação da OR, Saulo Nunes, nega que a intenção da empresa seja criar um bairro, mas reconhece que o processo pode ocorrer de forma natural. "No nosso caso, o nome Parque da Cidade traduz o projeto que tem o conceito de cidade compacta, sem muros e com uma ampla área verde. Ele foi definido a partir de um estudo contratado para esse objetivo, mas, para que funcione, deve ser fiel à proposta. Não adianta dar o nome de parque se não houver de fato um ali", afirma.

Privativo. Do outro lado do Rio Pinheiros, a Rossi criou o Paulistano, seu "bairro privativo" na região do Morumbi. Na propaganda, há uma área de 155 mil m² ocupada por casas, edifícios, praças e bosque, além de um centro comercial e um clube com mais de 40 itens de lazer.

Com 30 torres planejadas para a Barra Funda, na zona oeste, a Tecnisa também já planejou seu novo bairro: o Jardim das Perdizes. O megaempreendimento será erguido em uma área de 250 mil m², entre as Avenidas Marquês de São Vicente, Nicolas Boer e Gustav Willi Borghoff. A obra ainda não saiu do papel, mas a Prefeitura já incorporou a nomenclatura e batizou a área verde que será aberta ali como uma espécie de contrapartida social. O nome já foi parar na placa. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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