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Conselheiro de tucanos vê proposta como 'populismo'

Aécio e vice de Marina, Beto Albuquerque, prometeram acabar com o atual modelo de fator previdenciário


	O candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) e Pimenta da Veiga fazem caminhada em Belo Horizonte
 (Igo Estrela/Coligação Muda Brasil/Divulgação)

O candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) e Pimenta da Veiga fazem caminhada em Belo Horizonte (Igo Estrela/Coligação Muda Brasil/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2014 às 08h56.

São Paulo - Analistas do mercado e especialistas em finanças públicas reagiram mal à promessa feita ontem por Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, e por Beto Albuquerque, vice na chapa de Marina Silva (PSB), de acabar com o atual modelo de fator previdenciário. Um dos principais conselheiros econômicos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante seu governo, o economista Raul Velloso, que ainda é próximo do PSDB, se disse "surpreso" com a promessa feita por Aécio.

"É muito ruim essa proposta e muito difícil conciliá-la com o programa econômico que está sendo feito pelo Arminio Fraga, a não ser que ele substitua por outra coisa parecida. Se fizer isso, seria como trocar seis por quase meia dúzia", diz. Ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga foi anunciado por Aécio como seu ministro da Fazenda em caso de vitória na eleição e é o coordenador do programa de governo econômico do tucano. Ainda, segundo Velloso, essa ideia tem "cheiro de proposta populista". "Antes do fator previdenciário, o sistema era da mão para boca, muito mais vulnerável. A qualquer momento, um governo populista podia, para agradar a população, ampliar o benefício ao seu bel-prazer."

Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, o mercado verá os discursos de Albuquerque e Aécio como "uma fala eleitoreira".

"O fator previdenciário é fundamental para dar consistência às contas públicas. Esse discurso joga dúvida sobre a capacidade dos candidatos de fazer uma política fiscal mais austera", afirma o economista.

No caso de Aécio, ele lembra que Arminio Fraga representa o que há "de mais austero" em política fiscal e "mais conservador" em política monetária. "O plano de governo de Aécio fica incerto", diz Perfeito. Sobre a promessa do vice de Marina Silva, o economista afirma que a candidata vem tentando agradar a todos os públicos ao mesmo tempo. "A oposição tenta abrir feridas que estavam cicatrizadas na vida pública. Isso é muito preocupante."

Na avaliação do analista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria, nesta reta final de campanha, os dois adversários da presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), os melhores pontuados nas pesquisas, têm como alvo o eleitorado mediano e de baixa renda. "É o eleitorado que tradicionalmente pode decidir ou virar uma eleição", destaca.

Por isso, segundo Cortez, numa eleição tão competitiva como essa, conquistar tal parcela do eleitorado pode fazer a diferença nas urnas. Na avaliação do analista, há chances de a promessa ser colocada em prática pelo novo governo. Contudo, ele alerta que é preciso que a medida venha acompanhada de regras que garantam o controle fiscal. "Os candidatos evitaram falar em fórmulas para executar a proposta, porque fórmulas podem implicar em desgaste eleitoral." Cortez não acredita que Aécio ou Marina irão explicitar, nesta fase da campanha, como pretendem colocar a medida em prática. "Tem uma fase da campanha que cada um fala o que quer. Muitas vezes, quando eleitos, não cumprem o que prometeram." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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