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Congresso discute política de combate ao bullying escolar

Proposta foi aprovada pelo Senado mas, como sofreu alterações na Comissão de Direitos Humanos, deve voltar à Câmara dos Deputados antes da sanção presidencial

Bullying: texto determina que profissionais de educação sejam capacitados para identificar, discutir e resolver o problema (Thinkstock/Mikael Damkier/Thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 21 de março de 2015 às 11h58.

O Brasil está mais próximo de uma política de combate ao bullying nas escolas. Denominado Programa de Combate à Intimidação Sistemática, a proposta (PLC 68/2013) foi aprovada pelo Senado, em turno suplementar, na quinta-feira (19). Como sofreu alterações na Comissão de Direitos Humanos da Casa, terá de voltar à Câmara dos Deputados antes da sanção presidencial.

O texto define bullying como “sequência de episódios de violência física ou psicológica, intencionais e repetitivos, praticados reincidentemente por indivíduo ou grupo contra outro indivíduo ou grupo, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas, produzindo na vítima prejuízos psicológicos, físicos ou morais”.

Entre outros pontos, a proposta destaca que ataques físicos, insultos pessoais, xingamentos, comentários sistemáticos, apelidos, ameaças por quaisquer meios e até grafites depreciativos podem carcterizar a prática. A proposta não trata de criminalização, mas de ações para prevenir e combater o bullying nas escolas. Além da publicação bimestral de relatórios das ocorrências de violência em escolas e redes de ensino, o texto determina que profissionais de educação deverão ser capacitados para implementar iniciativas de discussão, prevenção e solução do problema.

As famílias e responsáveis também serão orientadas sobre como identificar e enfrentar as situações de bullying, bem como garantir assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e agressores. Para a professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), Ângela Branco, as maiores vitimas de bullying são as que apresentam maior dificuldade social de se defender. “Essas pessoas são particularmente afetadas no seu desenvolvimento. Elas começam a se sentir inferiores e, às vezes, até culpadas pelas agressões. Vão internalizando, transformando-se em pessoas inseguras, ansiosas e angustiadas.”

Ângela Branco acrescentou que a prática pode levar as vítimas a problemas graves de depressão e até a transtornos que mais adiante se transformarão em profunda agressividade. “Vítimas de bullying podem se tornar agressores futuros”, alertou a professora, destacando a importância da proposta.

Na avaliação da assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos e especialista em Violência Doméstica Contra Crianças e Adolescentes, Márcia Acioli, o bullying tem dois reflexos principais: o impedimento do desenvolvimento social e naturalização da violência, que, muitas vezes, banaliza o ato.

“Nenhum homem homofóbico começa a ser homofóbico com determinada idade. É um clima que permite que ele cresça não reconhecendo a humanidade do outro. Tem a ver com a educação escolar, mas também está na televisão e família. É a educação no sentido de formação do sujeito cidadão”, concluiu Márcia Acioli.

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O Brasil está mais próximo de uma política de combate ao bullying nas escolas. Denominado Programa de Combate à Intimidação Sistemática, a proposta (PLC 68/2013) foi aprovada pelo Senado, em turno suplementar, na quinta-feira (19). Como sofreu alterações na Comissão de Direitos Humanos da Casa, terá de voltar à Câmara dos Deputados antes da sanção presidencial.

O texto define bullying como “sequência de episódios de violência física ou psicológica, intencionais e repetitivos, praticados reincidentemente por indivíduo ou grupo contra outro indivíduo ou grupo, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas, produzindo na vítima prejuízos psicológicos, físicos ou morais”.

Entre outros pontos, a proposta destaca que ataques físicos, insultos pessoais, xingamentos, comentários sistemáticos, apelidos, ameaças por quaisquer meios e até grafites depreciativos podem carcterizar a prática. A proposta não trata de criminalização, mas de ações para prevenir e combater o bullying nas escolas. Além da publicação bimestral de relatórios das ocorrências de violência em escolas e redes de ensino, o texto determina que profissionais de educação deverão ser capacitados para implementar iniciativas de discussão, prevenção e solução do problema.

As famílias e responsáveis também serão orientadas sobre como identificar e enfrentar as situações de bullying, bem como garantir assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e agressores. Para a professora do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), Ângela Branco, as maiores vitimas de bullying são as que apresentam maior dificuldade social de se defender. “Essas pessoas são particularmente afetadas no seu desenvolvimento. Elas começam a se sentir inferiores e, às vezes, até culpadas pelas agressões. Vão internalizando, transformando-se em pessoas inseguras, ansiosas e angustiadas.”

Ângela Branco acrescentou que a prática pode levar as vítimas a problemas graves de depressão e até a transtornos que mais adiante se transformarão em profunda agressividade. “Vítimas de bullying podem se tornar agressores futuros”, alertou a professora, destacando a importância da proposta.

Na avaliação da assessora política do Instituto de Estudos Socioeconômicos e especialista em Violência Doméstica Contra Crianças e Adolescentes, Márcia Acioli, o bullying tem dois reflexos principais: o impedimento do desenvolvimento social e naturalização da violência, que, muitas vezes, banaliza o ato.

“Nenhum homem homofóbico começa a ser homofóbico com determinada idade. É um clima que permite que ele cresça não reconhecendo a humanidade do outro. Tem a ver com a educação escolar, mas também está na televisão e família. É a educação no sentido de formação do sujeito cidadão”, concluiu Márcia Acioli.

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