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Condenação de Lula traz alívio a aliados de Temer

A posição, no entanto, enfrenta divergência dentro do governo

Planalto: ainda não comentou a decisão de Moro (José Cruz/Agência Brasil)

Planalto: ainda não comentou a decisão de Moro (José Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de julho de 2017 às 09h27.

Brasília - Aliados do presidente Michel Temer avaliaram que a decisão do juiz Sergio Moro de condenar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser positiva para o governo já que tiraria o Palácio do Planalto do foco da crise política. A posição, no entanto, enfrenta divergência dentro do governo. Parte dos auxiliares vê com cautela a sentença.

Para alguns interlocutores de Temer, com Lula no foco do noticiário político, a oposição concentrará esforços na defesa do petista e as críticas ao presidente perderiam fôlego. Por outro lado, um auxiliar reconhece que a decisão mostra que há mudança de paradigma, apontando que políticos estão cada vez mais sujeitos a condenações.

A preocupação do Planalto envolve, além de Temer, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), alvos da Operação Lava Jato no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Há ainda a avaliação de que é preciso cautela ao se posicionar a favor ou contra da decisão já que políticos estão em disputa com o Ministério Público Federal. Após ser denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Temer tem feito acusações de abuso por parte do MPF.

Oficialmente, o Planalto não comentou a decisão de Moro.

Congresso

Vice-líder do PSDB na Câmara, o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB) disse que a condenação é um "ganho institucional e democrático". "O principal ganho é que mostra que ninguém está acima da lei", afirmou.

Já aliados de Lula acreditam que a condenação vai ser revertida em segunda instância por falta de provas. Petistas dizem que o futuro do processo vai ter o mesmo destino do ex-tesoureiro João Vaccari, que foi absolvido no mês passado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região. "A condenação é política e não jurídica", disse o deputado Henrique Fontana (PT-RS).

"É subestimar a inteligência do povo achar que essa condenação aconteceu por acaso neste momento", disse a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), fazendo referência à articulação do governo para garantir maioria na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que discute a admissibilidade ou não da denúncia contra Temer.

Aliado de governos petistas, mas apontado como um dos responsáveis pelo impeachment de Dilma Rousseff, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) saiu em defesa de Lula no plenário. Sem citar o petista, criticou o que chamou de "condenação sem provas".

A defesa de Lula por Renan ocorre após o peemedebista adotar uma postura crítica ao governo Temer, principalmente em relação às reformas. A reaproximação com o petista, porém, tem cálculo político - a preocupação com a reeleição ao Senado.

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