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Comunidades tradicionais litorâneas podem desaparecer

Devido a grilagem de terras, o turismo de escala e a falta de políticas públicas, comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras de RJ e SP podem desaparecer


	Barco com moradores de comunidade litorânea: “precisamos resistir", disse representante
 (Tomaz Silva/ABr)

Barco com moradores de comunidade litorânea: “precisamos resistir", disse representante (Tomaz Silva/ABr)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2014 às 13h37.

Rio de Janeiro - <span>Comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras que vivem no litoral entre o <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/rio-de-janeiro">Rio de Janeiro</a></strong> e <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/sao-paulo">São Paulo</a></strong> correm o risco de desaparecer. </span></p>

Elas sofrem com a grilagem de terras na Serra do Mar, com o turismo de escala e com a falta de políticas públicas, como educação e infraestrutura.

Para chamar a atenção sobre esses grupos, o Fórum das Comunidades Tradicionais de Angra, Paraty e Ubatuba lança sábado (28) a campanha "Preservar é resistir- Em defesa dos territórios tradicionais". Será em Ubatuba.

De acordo com o integrante do fórum Vagner do Nascimento, um dos principais problemas na região é a sobreposição de unidades de conservação nas comunidades.

Ele diz que a situação “engessa” a população e desassocia o homem da natureza, fator que garantiu a sobrevivência desses grupos até hoje.

Na região, moradores e especialistas querem a recategorização das unidades para parque estadual ou reserva extrativista - modalidade criada pelo ambientalista Chico Mendes.

O vice-presidente da Associação de Moradores do Pouso da Cajaíba, na Reserva da Juatinga, Francisco Xavier Sobrinho, explica que, na prática, morar em uma reserva significa ficar impedido de usar a natureza para sobreviver.

Não se pode construir casas de barro, prática agroecológica, as tradicionais canoas caiçaras - esculpidas em um único tronco -, plantar e pescar.

“Precisamos resistir para continuar aqui e assegurar o que temos para as novas gerações”, disse.


Na divisa dos estados, o fórum destaca que a legislação atual prejudica as comunidades quilombolas Cambury e Fazenda Caixa, dentro do Parque Nacional da Serra da Bocaina e do Parque Estadual da Serra do Mar.

Em ambas, as práticas culturais são reprimidas.

“Ou seja, a pessoa vive na pobreza em um território rico porque está impossibilitada de viver com dignidade, conforme suas gerações passaram”, observou Vagner.

Mais próximo da cidade histórica de Paraty, o fórum denuncia que a sobreposição de unidades não permite a chegada de energia elétrica e a pavimentação de estradas, para não causar impacto ambiental.

A situação afeta comunidades caiçaras na costa e indígenas da Aldeia Araponga.

Vivendo em uma área apertada, o grupo tem dificuldade de acesso à água, a serviços de saúde, está superlotada e tem problemas com o descarte adequado de lixo.

“Os indígenas têm o território, que originalmente é deles, ameaçado pela especulação imobiliária para a abertura de novas áreas para condomínios e pousadas”, acrescentou o integrante do fórum.

Outro problema causado pela especulação imobiliária é a restrição imposta por condomínios de luxo a caiçaras de praias como a do Sono, que perderam o acesso ao mar.

Agora, precisam passar por dentro do condomínio, em um carro cedido pelos administradores para chegar aos barcos.

O turismo na costa e em áreas de berçários de peixes, como o Saco do Mamanguá, também avança e está entre as preocupações, em defesa da pesca artesanal.

Para mostrar como vivem, as comunidades fizaram um vídeo de cerca de dez minutos que lançam junto com a campanha “Preservar é resistir”, na festa de São Pedro Pescador, sábado (28).

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