Angelita Muxfeldt, parente de Rodrigo Gularte: a Procuradoria-Geral informou que pretende anunciar a data de execução nas próximas semanas (REUTERS/Antara Foto/Yudhi Mahatma)
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2015 às 10h43.
Jacarta - A Indonésia pediu a embaixadas estrangeiras que enviem representantes para uma prisão de segurança máxima, tendo em vista a execução já programada de dez presos por tráfico de drogas, apesar de ainda não ter sido feita a notificação com 72 horas de antecedência da data da execução, disseram diplomatas nesta sexta-feira.
Entre os infratores da legislação antidrogas que serão executados por um pelotão de fuzilamento estão o brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte e cidadãos da Austrália, Filipinas, França e Nigéria, o que tem aumentado a tensão entre os governos desses países e a Indonésia.
A Procuradoria-Geral informou que pretende anunciar a data de execução nas próximas semanas.
Funcionários das embaixadas receberam mensagens de texto pedindo que enviem no sábado representantes para a ilha-prisão de Nusakambangan, onde serão realizadas as execuções em breve. Não ficou claro por que eles estavam sendo convocados tão cedo.
"A Procuradoria-Geral emitiu uma declaração geral para as embaixadas envolvidas pedindo que mandem representantes. Não disseram para que finalidade", afirmou um funcionário de uma embaixada que não quis ser identificado porque não estava autorizado a falar com a imprensa.
"Nosso maior medo agora é que eles estejam em preparação para possíveis execuções." A segurança na prisão foi intensificada nesta sexta-feira e médicos, conselheiros religiosos e membros do pelotão de fuzilamento foram alertados para iniciar os preparativos finais.
A Procuradoria-Geral estava aguardando que todos os recursos legais dos dez condenados à morte fossem concluídos antes de anunciar uma data de execução.
Os advogados dos prisioneiros têm impetrado recursos em vários tribunais indonésios, em uma última tentativa para retardar a execução.
Mas o único recurso pendente ainda considerado válido pelo procurador-geral é o de um cidadão indonésio, disse o porta-voz Tony Spontana.
Em uma visita à Indonésia, o vice-presidente das Filipinas, Jejomar Binay, deve reunir-se com o presidente Joko Widodo nesta sexta-feira e fazer um apelo final por misericórdia em nome de uma filipina que está entre o grupo de 10.
A França advertiu a Indonésia de que as execuções podem prejudicar as relações bilaterais, enquanto a Austrália pediu repetidamente clemência para Andrew Chan e Myuran Sukumaran, dois australianos presos como líderes do chamado grupo de tráfico de drogas “Os Nove de Bali”.
O ministro das Relações Exteriores da Austrália apresentou um pedido formal de conversações com o seu homólogo indonésio para discutir os desdobramentos.
Os membros dos Nove de Bali foram detidos no principal aeroporto da ilha turística de Bali por tentar contrabandear 8 quilos de heroína para a Austrália.
Os outros sete membros da quadrilha, todos australianos, estão presos na Indonésia.
A Indonésia adota punições severas para crimes relacionados às drogas e retomou as execuções em 2013 depois de um hiato de cinco anos.
Seis execuções foram realizadas até agora neste ano, incluindo a do brasileiro Marco Archer Moreira.