Compra de mísseis por Venezuela preocupa EUA, diz WikiLeaks
Comunicações secretas norte-americanas diziam que o país estava preocupado com a aquisição de armamento russo por Caracas, incluindo helicópteros, caças Sukhoi e fuzis
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2010 às 13h16.
Washington - Os Estados Unidos tentaram impedir a entrega de mísseis antiaéreos russos à Venezuela em 2009 devido a preocupações de que Caracas poderia repassá-los às guerrilhas marxistas na Colômbia ou a traficantes de drogas mexicanos, disse neste domingo o The Washington Post, citando vazamento de informações pelo Wikileaks.
A Venezuela --onde o presidente Hugo Chávez lidera um governo com forte sentimento contra os EUA-- recebeu pelo menos 1.800 de mísseis SA-24 da Rússia, disse o jornal, citando dados da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre controle de armas.
As comunicações secretas norte-americanas diziam que o país estava preocupado com a aquisição de armamento russo por Caracas, incluindo helicópteros, caças Sukhoi e 100 mil fuzis Kalashnikov, segundo o jornal.
O veículo citou uma informação do Departamento de Estado dos EUA de 10 de agosto de 2009 direcionada à Europa e à América do Sul dizendo que as vendas de armas russas à Venezuela somaram "mais de 5 bilhões de dólares no ano passado e que elas estão crescendo".
A preocupação com os planos espanhóis para vender aviões e barcos de patrulha para a Venezuela também foi citada na mensagem.
A Rússia reportou ao Registro de Armas Convencionais da ONU no início deste ano que as compras totalizaram 1.800 mísseis, disse o The Washington Post. O general da Força Aérea dos EUA Douglas Fraser disse publicamente neste ano que a Venezuela poderia comprar até 2.400 mísseis, segundo o jornal.
O especialista em mísseis Matt Schroeder, da federação de cientistas norte-americanos, em Washington, afirmou ao jornal que os mísseis russos estão entre os mais sofisticados do mundo e que podem derrubar aviões a quase 6.000 metros.
"É a maior transferência registrada no banco de dados de armas da ONU em cinco anos, pelo menos", afirmou Schroeder, segundo o jornal.