(EXAME/Flávio Moret/Reprodução)
Lucas Agrela
Publicado em 18 de setembro de 2018 às 11h12.
Última atualização em 18 de setembro de 2018 às 18h13.
São Paulo – O Brasil tem um problema na educação. De acordo com dados do Ministério da Educação lançados no início do setembro, nenhum Estado brasileiro atingiu a meta do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado pelo governo federal) em 2017 no ensino médio. Cinco deles ainda tiveram queda em relação ao ano anterior. Para 2017, a meta estabelecida era 4,7, mas o país conseguiu somente 3,8.
Durante o Café EXAME Educação, realizado em São Paulo, no Palácio Tangará, as soluções principais são colocar a educação com prioridade no nosso projeto de país, ter mais horas de ensino na grade, melhorar a formação de alunos no ensino básico e ser mais exigente na aceitação de alunos nos cursos de pedagogia.
“60% das pessoas que ingressam no curso de pedagogia têm nota abaixo na média do ENEM. Essa é a receita certa para dar errado. É muito difícil recuperar o nível de ensino em um curso de pedagogia, ainda mais em um curso ruim. Tem que existir uma nota de corte no ENEM para a entrada em cursos de pedagogia. O Chile fez isso já colhe frutos com a sua programação de dez anos. O professor é o principal profissional do país e precisamos investir nele”, disse Priscila Cruz, presidente do movimento Todos pela Educação.
Cruz indicou que os Estados brasileiros que mais avançam hoje são os que adotaram o modelo de ensino em tempo integral e foi enfática em destacar a importância da educação no ensino básico para evitar a defasagem do ensino acumulada que prejudica os alunos ao chegar ao ensino médio.
Já João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto, é contra o método do IDEB para avaliar a educação no Brasil e espera que o governo aproveite a oportunidade das aposentadorias dos professores na próxima década para melhorar o nível de preparo desses profissionais. “O IDEB é um indicador muito ruim. Ele mistura banana com maçã e chama de frutas. É um índice falho. Ele mistura fluxo escolar com desempenho acadêmico”, declarou Oliveira. Para melhorar a formação de professores, ele propõe uma solução nacional de dois tempos, para os profissionais atuantes e para os novos, argumentando que o país insiste em uma solução única para o segmento. “Temos excesso de professores e a maioria deles não deveria estar na sala de aula porque não tem capacidade para tanto”, disse.