Brasil

Como foi a sessão de defesa de Dilma Rousseff no Senado

Após mais de 14 horas, chega ao fim da sessão que serviu para a defesa de Dilma Rousseff em seu julgamento de impeachment. Veja o que você precisa saber


	Dilma Rousseff: presidente se defendeu das acusações em seu julgamento de impeachment
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Dilma Rousseff: presidente se defendeu das acusações em seu julgamento de impeachment (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Victor Caputo

Victor Caputo

Publicado em 30 de agosto de 2016 às 00h13.

São Paulo – Após 14 horas, chega ao fim o dia da defesa de Dilma Rousseff no Senado. A presidente fez seu discurso principal na parte da manhã (leia aqui o discurso na íntegra). Dilma atravessou a tarde e a noite respondendo às questões de 48 senadores. Depois, ainda deu explicações a questões levantadas por Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal—ambos coautores do pedido de impeachment da petista.

“Caso eu seja condenada sem crime de responsabilidade, estará ocorrendo no Brasil um golpe”, afirmou a presidente. Esse poderia ser usado como um resumo breve da argumentação. A presidente afirma que não cometeu crime de responsabilidade. Por isso, afirma que não poderia ser vítima de um impeachment. Ela sustentou por diversas vezes a tese de que isso caracterizaria a transição de governo como um golpe parlamentar.

Dilma foi ao Senado acompanhada de figuras de destaque. Além de diversos ex-ministros de seus governos, ela estava acompanhada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho político, assim como de Chico Buarque, músico e defensor ferrenho de Dilma (veja imagens dos bastidores da sessão).

Está foi a primeira vez que a presidente foi ao Senado na condição de ré para dar explicações. Se até agora, a tese da defesa havia sido apresentada por seu advogado José Eduardo Cardozo, agora o Brasil pode ouvir a própria Dilma falando sobre as acusações.

O objetivo do PT era de comover alguns senadores para que o número mínimo de votos para salvar a presidente fosse alcançado. O principal trunfo da defesa nessa busca, era o discurso inicial de Dilma. Nele, a petista falou sobre seu comprometimento com o cargo e com o país. “Tenho sido intransigente na defesa da honestidade na gestão da coisa pública”, afirmou pela manhã.

A estratégia, no entanto, não funcionou bem o suficiente. Ao longo do dia, Lula partir para o corpo a corpo para convencer senadores a mudar o voto na última hora. A conta feita por um dos senadores, já no final da sessão, era de que Dilma tinha 25 votos—ainda menos do que o necessário. A esperança do partido, neste momento, recai sobre os ombros de Lula e sua capacidade de articulação política.

Mas nem todos do PT estão confiantes. Uma figura de alto escalão ouvida por EXAME.com mostrou pouca empolgação. “Viemos para demonstrar apoio, mas temos convicção de que o jogo está perdido”, disse o membro do partido à reportagem.

Já a oposição se mostrava otimista. Membro do núcleo principal do presidente interino Michel Temer (PMDB) afirmou que, de acordo com as contas do governo interino, os 61 votos necessários para o impeachment já haviam sido garantidos.

Um dos momentos de maior apelo foi o questionamento feito por Aécio Neves (PSDB-MG) a Dilma. Os dois haviam se enfrentado na última corrida presidencial. “Em que dimensão, Vossa Excelência e o seu Governo se sentem, sinceramente, responsáveis por essa recessão, pelos 12 milhões de desempregados do Brasil, por 60 milhões de brasileiros com suas contas atrasadas e por uma perda média de 5% da renda dos trabalhadores brasileiros?”, questionou Aécio (veja aqui a pergunta completa e a resposta na íntegra de Dilma a Aécio).

Nesta terça-feira, se inicia a sessão que deve ter o julgamento de Dilma Rousseff em seu processo de impeachment. Marcada para às 10 horas da manhã, a sessão deve definir o destino da presidente e do Brasil.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffImpeachmentLuiz Inácio Lula da SilvaMDB – Movimento Democrático BrasileiroMichel TemerPartidos políticosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresSenado

Mais de Brasil

PM impõe 100 anos de sigilo a processos disciplinares de Mello, candidato a vice de Nunes em SP

Quem é Eduardo Cavaliere, o mais cotado para vice de Paes após recuo de Pedro Paulo

Lula cobra pedido de desculpas de Milei e diz que relação entre países depende da postura argentina

Bolsonaro confirma presença em convenção do MDB que oficializa chapa de Nunes e Mello em SP

Mais na Exame