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Comissão de Ética do Novo suspende filiação do ministro Ricardo Salles

O partido cita dispositivo do estatuto que permite suspensão quando há "risco de dano grave e de difícil reparação à imagem e reputação do Novo"

Salles: decisão foi tomada dentro do processo que analisa a expulsão de Salles, solicitada pelo deputado estadual Chicão Bulhões (Adriano Machado/Reuters)

Salles: decisão foi tomada dentro do processo que analisa a expulsão de Salles, solicitada pelo deputado estadual Chicão Bulhões (Adriano Machado/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 31 de outubro de 2019 às 19h11.

Última atualização em 31 de outubro de 2019 às 19h12.

Brasília — A Comissão de Ética do partido Novo decidiu suspender a filiação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. A decisão foi divulgada pelo partido nesta quinta-feira (31).

Em nota, o partido cita dispositivo de seu estatuto que prevê suspensão em caráter liminar (temporário), quando há "risco de dano grave e de difícil reparação à imagem e reputação do Novo". A decisão foi tomada dentro do processo que analisa a expulsão de Salles, solicitada pelo deputado estadual Chicão Bulhões, do Rio de Janeiro.

Atualmente, o ministro não participa de atividades partidárias e não tem cargo na legenda. Ele tem sido alvo de críticas por suas declarações controversas e pela sua atuação diante da crise do desmatamento e das ações de monitoramento e retirada do óleo encontrado nas praias do Nordeste.

Salles não foi uma indicação do partido para assumir o Ministério. Depois que já estava à frente da pasta, o diretório nacional da legenda emitiu resolução determinando a suspensão de filiados que ocupem cargos públicos sem que tenham sido apontados pela legenda. A regra, porém, não tem efeito retroativo e, portanto, não se aplicou ao titular do Meio Ambiente.

Em agosto, em meio à crise das queimadas na Amazônia, alguns membros do Novo protocolaram um pedido para que Salles tivesse a filiação suspensa.

Perguntados pelo jornal O Estado de S. Paulo no último sábado, lideranças do partido afirmaram que Salles permaneceria na legenda se assim desejasse, argumentando que ele cumpre com as obrigações dos filiados.

"O que a gente pode exigir dos filiados é que eles sejam ficha limpa e que paguem a contribuição, que são R$ 30 por mês. Mas a nossa ingerência sobre a atuação dos filiados é limitada, temos 48 mil membros", disse ao Estado o presidente do Novo, João Amoedo, na ocasião do 5.º encontro nacional da legenda.

No mesmo evento, deputado federal gaúcho Marcel van Hattem, líder da bancada do partido na Câmara, afirmou que a pauta ambiental de Salles "tem muito a ver com os valores do Novo".

Procurado pela reportagem, Salles afirmou que não irá se manifestar sobre a suspensão e que aguarda o desfecho do processo interno.

Íntegra da nota do partido:

O Novo informa que a Comissão Nacional de Ética Partidária, no exercício de suas atribuições, conforme determina o Estatuto do Novo nos artigos 19 e 72, inciso V, suspendeu, em caráter liminar, a filiação do Sr. Ricardo de Aquino Salles, confirme previsto no § 2º, alínea "b" do art. 21 do Estatuto, até o julgamento final da denúncia apresentada perante a Comissão.

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