Brasil

Comissão da Câmara eleva pena para crimes de corrupção

Propostas ainda devem ser votadas no plenário da Câmara

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de dezembro de 2012 às 19h13.

Brasília - A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou nesta quarta-feira propostas que atenuam penas de crimes cometidos contra o patrimônio e aumenta a punição para delitos que atentem contra a vida. Os parlamentares apoiaram ainda o endurecimento de penas para crimes de corrupção, peculato e formação de quadrilha, práticas que levaram a condenações no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). As propostas seguirão para votação no plenário da Câmara.

As mudanças aprovadas derivam de um debate numa subcomissão de crimes e penas que reuniu juristas, procuradores e especialistas em direito penal. O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) coordenou o trabalho e relatou os nove anteprojetos aprovados. A CCJ vai agora decidir se vai apresentar um projeto de lei sobre o tema ou mantém a divisão por temas. "A lógica dessa reforma é punir quem atenta contra a vida com mais rigor do que os crimes sem violência, como os contra patrimônio", disse o relator.

Entre os crimes que tem proposta para redução de penas estão furto, dano, apropriação indébita e receptação qualificada. No caso do furto simples, a pena máxima cai de quatro para dois anos de prisão e pode ainda ser convertida em multa, ainda que o réu não seja primário. Em relação à apropriação indébita, o culpado pode se livrar da pena se reparar o dano ou restituir a coisa até o recebimento da denúncia pela justiça.

Uma das propostas aprovadas reduz ainda a pena mínima de dez anos para três anos de prisão para o crime de "falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto terapêutico ou medicinal capaz de causar dano à integridade corporal ou à saúde de outrem". Incluem-se entre estes produtos medicamentos e insumos farmacêuticos.


A pena dos crimes de assassinato são endurecidas. A pena mínima para homicídio simples sobe de seis para oito anos de prisão. É mantida a pena máxima de 20 anos de reclusão. No caso de crime culposo, a pena máxima sobe de três para quatro anos. O relator aumentou ainda as hipótese de se considerar o homicídio como qualificado, o que eleva a pena mínima para 12 anos e a máxima para 30 anos de prisão. Passa a constar nessa possibilidade crime de assassinato cometido por preconceito de raça, cor, etnia, deficiência, religião, além de "outro motivo de intolerância ou ódio". Por pressão da bancada evangélica, foi retirada a inclusão expressa de crimes contra homossexuais. A comissão aprovou ainda aumentos de penas para os crimes de lesão corporal e maus tratos.

Em relação aos delitos contra administração pública também há aumento de punições. A corrupção, atualmente dividida em ativa e passiva, passa a ser um crime único. A pena mínima, hoje de dois anos, passaria a ser de três anos de prisão. A sanção máxima mantém-se em 12 anos. Passa a ser considerada "corrupção qualificada" quando há prática de um ato de ofício ou ocorrer "elevado prejuízo ao erário", com a pena de quatro a 15 anos de prisão.

A punição mínima por peculato sobe de dois para três anos, mantendo-se a punição máxima de 12 anos. A prática de formação de quadrilha tem a pena máxima aumentada de três para quatro anos, podendo chegar a dez anos em caso de crime organizado e ser aumentada em mais um terço se o condenado for agente de segurança pública ou militar, ou ter ocupado estes cargos.

Cria-se também o crime de enriquecimento ilícito. A prática de advocacia administrativa é substituída pela de tráfico de influência no código penal, podendo ser aplicada a quem não é servidor público. Além do código penal, as propostas aprovadas alteram a lei de crimes ambientais, para aumentar multas para empresas envolvidas em desastres ambientais, e os estatutos do Idoso e da Criança e do Adolescente para aumentar as penas de crimes cometidos contra eles.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosCorrupçãoEscândalosFraudesPolítica no BrasilPrisões

Mais de Brasil

A importância de se discutir as questões climáticas nos livros didáticos

Bolsonaro planejou e dirigiu plano de golpe de Estado, afirma PF

Relatório do golpe de Estado: veja íntegra do inquérito que indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas

Nova Raposo terá mais de 40 quilômetros de marginais no trecho entre SP e Cotia