Com patrimônio familiar sob suspeita, Bolsonaro será diplomado hoje
Diplomação realizada nesta segunda-feira atesta que o presidente eleito cumpriu todas as regras exigidas pela justiça eleitoral
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 04h47.
Última atualização em 10 de dezembro de 2018 às 06h34.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro , participará, nesta segunda-feira, de um rito que antecede a sua posse em janeiro. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) diplomará o capitão e o seu vice, General Hamilton Mourão, em um evento que simboliza que o vencedor nas urnas cumpriu todas as regras exigidas pela justiça eleitoral. A partir da entrega desse atestado, partidos políticos e o Ministério Público Eleitoral podem contestar o mandato, caso considerem que tenha havido abuso de poder econômico, corrupção ou fraude na disputa.
Bolsonaro teve suas contas eleitorais aprovadas com ressalvas na terça-feira passada, 4. O ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso, seguiu o parecer da área técnica do tribunal que apurou inconsistências na prestação de contas, mas segundo ele isso não comprometeu a regularidade nem a disputa nas urnas. Isso porque o valor irregular representou apenas 0,19% do total arrecadado.
De todo modo, o TSE exigiu a devolução dos 8,2 mil reais que foram considerados irregulares de um volume de doações de 4,4 milhões de reais. “Esse valor de pequena expressão não acarreta a reprovação das contas”, afirmou Barroso ao votar. Outro ponto que gerou uma série de críticas à campanha do candidato eleito (e ao tribunal eleitoral), o uso de notícias falsas disparadas pelo WhatsApp, tampouco foi considerado fator a desabonar sua diplomação.
A dúvida agora paira sobre o patrimônio declarado da família Bolsonaro. Segundo a revista Época, o presidente eleito e seus três filhos dizem acumular 6,1 milhões em bens, apesar de viverem exclusivamente de seus salários (exceto Flávio que também é sócio de uma fábrica de chocolates). E todos tiveram uma curva de crescimento patrimonial acentuada. A família é dona de 13 imóveis no Rio de Janeiro que somam, em valor de mercado aproximado, 15 milhões de reais pela localização privilegiada: Rio Copacabana, Barra da Tijuca e Urca, segundo a Época.
Além disso, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentações bancárias suspeitas na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, no valor de 1,2 milhão de reais. Havia um depósito de 24 mil reais em cheque para Michele, esposa de Jair Bolsonaro. O presidente eleito afirmou que essa operação se deveu ao pagamento de uma dívida contraída por Queiroz, numa declaração que gerou uma nova leva de dúvidas sobre o caso. Até mesmo aliados, como o vice Mourão, afirmaram que é preciso esclarecer de onde vem o dinheiro do ex-assessor. De acordo com o relatório, Queiroz era motorista e recebia 23 mil reais mensais.
O rito de diplomação – que é realizado desde 1951, com interrupção na ditadura – está previsto para começar às 16h e deve durar entre 45 e 50 minutos, de acordo com o jornal. A ministra Rosa Weber, presidente do TSE, vai abrir a solenidade, que também vai contar com um discurso de Bolsonaro. Nesse meio tempo, adversários ainda podem questionar as contas eleitorais e os órgãos públicos podem colocar em xeque as movimentações financeiras que antecederam as eleições.