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Com mercado aquecido, empregado doméstico muda de profissão

Número de empregados domésticos diminuiu no Brasil nos últimos anos, passando de 7,2 milhões em 2009 para 6,6 mi em 2011. Aumento da escolaridade é uma das explicações

Trabalhadora doméstica: por falta de profissionais, já tem até grupo no Facebook para ajudar pessoas a encontrar quem trabalhe nos serviços de casa (Frank Perry/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de março de 2013 às 12h38.

Brasília - A piauiense Maria Inês Pereira da Silva saiu de casa aos 14 anos para trabalhar como empregada doméstica em Floriano, uma cidade vizinha à sua, Rio Grande. Apesar da pouca idade, sua responsabilidade era limpar os cômodos diariamente, lavar algumas roupas e cozinhar.

Em vez de receber um salário no fim do mês, seu trabalho era remunerado principalmente com material escolar para frequentar as aulas em uma escola municipal da região.

Decidida a avançar nos estudos, Maria Inês não reclamava das condições de trabalho, embora admita que a jornada era pesada para uma adolescente. Sem perder o foco, ela conseguiu concluir o equivalente ao ensino médio profissionalizante e, desde 1998, tornou-se professora da rede pública de Floriano, depois de passar em um concurso público.

Histórias como a de Maria Inês tornam-se cada vez mais frequentes no Brasil. O aumento da escolaridade média da população e um mercado de trabalho aquecido que possibilita a abertura de vagas em diversos setores contribuem para que um número crescente de empregados domésticos mudem de profissão, conforme explicou o gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo.

Para confirmar sua tese, ele citou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011, divulgada pelo IBGE, que indicam queda no número de empregados domésticos em três anos. Somando 7,2 milhões de pessoas em 2009, o contingente caiu para 6,6 milhões em 2011.

“Quando a pessoa se torna empregada doméstica, em geral, ela não é preparada para aquilo, ela não planejou que seria dessa forma, mas acaba arrumando o emprego e, por falta de opção, vai fazer o que aprendeu em consequência da sua própria condição social, que é arrumar cozinha, lavar roupa.

Com um mercado de trabalho favorável, que abre outras portas, e com nível de escolaridade mais elevado, que lhes permite conquistar essas vagas, as pessoas estão migrando para outros setores, principalmente comércio e serviços”, explicou.

Azeredo destacou que uma das consequências desse movimento é a redução da oferta de profissionais no mercado e até a elevação dos preços cobrados pelos serviços.

Ao perceber o aumento na procura de mulheres, muitas vezes “desesperadas”, por empregadas domésticas, principalmente babás, em um grupo de discussão feminino na rede social Facebook, a servidora pública federal Débora Castro decidiu administrar uma lista e intermediar o contato entre as duas pontas.

Ela recebe indicações de empregadas domésticas disponíveis e encaminha para as mulheres cadastradas, a maioria formada por mães com filhos pequenos.

“Atualmente, a lista de babás tem 74 empregadas indicadas e praticamente o dobro de mães inscritas, que somam 141. Resolvi fazer a ponte porque percebemos que era muito grande o número de mães que precisavam de empregadas domésticas, principalmente com disponibilidade para dormir no serviço”, contou.

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Brasília - A piauiense Maria Inês Pereira da Silva saiu de casa aos 14 anos para trabalhar como empregada doméstica em Floriano, uma cidade vizinha à sua, Rio Grande. Apesar da pouca idade, sua responsabilidade era limpar os cômodos diariamente, lavar algumas roupas e cozinhar.

Em vez de receber um salário no fim do mês, seu trabalho era remunerado principalmente com material escolar para frequentar as aulas em uma escola municipal da região.

Decidida a avançar nos estudos, Maria Inês não reclamava das condições de trabalho, embora admita que a jornada era pesada para uma adolescente. Sem perder o foco, ela conseguiu concluir o equivalente ao ensino médio profissionalizante e, desde 1998, tornou-se professora da rede pública de Floriano, depois de passar em um concurso público.

Histórias como a de Maria Inês tornam-se cada vez mais frequentes no Brasil. O aumento da escolaridade média da população e um mercado de trabalho aquecido que possibilita a abertura de vagas em diversos setores contribuem para que um número crescente de empregados domésticos mudem de profissão, conforme explicou o gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo.

Para confirmar sua tese, ele citou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011, divulgada pelo IBGE, que indicam queda no número de empregados domésticos em três anos. Somando 7,2 milhões de pessoas em 2009, o contingente caiu para 6,6 milhões em 2011.

“Quando a pessoa se torna empregada doméstica, em geral, ela não é preparada para aquilo, ela não planejou que seria dessa forma, mas acaba arrumando o emprego e, por falta de opção, vai fazer o que aprendeu em consequência da sua própria condição social, que é arrumar cozinha, lavar roupa.

Com um mercado de trabalho favorável, que abre outras portas, e com nível de escolaridade mais elevado, que lhes permite conquistar essas vagas, as pessoas estão migrando para outros setores, principalmente comércio e serviços”, explicou.

Azeredo destacou que uma das consequências desse movimento é a redução da oferta de profissionais no mercado e até a elevação dos preços cobrados pelos serviços.

Ao perceber o aumento na procura de mulheres, muitas vezes “desesperadas”, por empregadas domésticas, principalmente babás, em um grupo de discussão feminino na rede social Facebook, a servidora pública federal Débora Castro decidiu administrar uma lista e intermediar o contato entre as duas pontas.

Ela recebe indicações de empregadas domésticas disponíveis e encaminha para as mulheres cadastradas, a maioria formada por mães com filhos pequenos.

“Atualmente, a lista de babás tem 74 empregadas indicadas e praticamente o dobro de mães inscritas, que somam 141. Resolvi fazer a ponte porque percebemos que era muito grande o número de mães que precisavam de empregadas domésticas, principalmente com disponibilidade para dormir no serviço”, contou.

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