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Com mais de 11 mil focos, mês de julho registra recorde de queimadas na Amazônia em duas décadas

O registro é 93% maior que os 5.772 focos apontados em julho do ano passado e 111% maior que a média para o mês nos últimos 10 anos (5.272)

Agência o Globo
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Publicado em 2 de agosto de 2024 às 14h18.

Última atualização em 2 de agosto de 2024 às 15h08.

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O número de queimadas na Amazônia no mês de julho foi o maior registrado em duas décadas. Entre os dias 1º e 31, foram localizados 11.145 focos de queimadas no bioma, o maior número para o mês desde 2005, de acordo com dados do Sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O registro é 93% maior que os 5.772 focos apontados em julho do ano passado e 111% maior que a média para o mês nos últimos dez anos (5.272). De acordo com os dados, a situação se agravou na Amazônia nos últimos dias: dos mais de 11 mil focos de queimadas registrados em julho, metade ocorreu nos últimos oito dias do mês.

Em julho, as queimadas na Amazônia se concentraram nos estados do Amazonas (37% dos focos registrados no bioma) e Pará (29%). O Amazonas teve 4.072 focos registrados no mês e o Pará 3.265. Os dois estados são também os que tiveram mais alertas de desmatamento assinalados no mês de julho pelo sistema Deter, do Inpe: 182 mil km² (42%) e 115 mil km² (27%), respectivamente.

Nos primeiros sete meses do ano, de 1º de janeiro a 31 de julho, a Amazônia acumulou 24.462 focos de fogo, sendo que as queimadas de julho correspondem a 44,8% desse total.

O número de focos de queimadas acumulado em 2024 na Amazônia é também o maior desde 2005. O dado é o quarto maior da série histórica do Deter, iniciada em 1998, sendo superado apenas pelos anos de 2003, 2004 e 2005. Naqueles anos, porém, a Amazônia tinha níveis muito mais altos de desmatamento, que é historicamente associado a queimadas. Este ano, por outro lado, o desmatamento está em queda.

De acordo com a especialista de Políticas Públicas do WWF-Brasil, Juliana Miranda, a conservação dos biomas passa pelas políticas em curso no Congresso e torna urgente a proteção das Terras Indígenas.

"Os povos indígenas e seus territórios têm um papel crucial na conservação dos biomas brasileiros, barrando o avanço do desmatamento e das queimadas. Na próxima segunda-feira, 5, o STF [Supremo Tribunal Federal] realiza a primeira audiência de conciliação no caso do julgamento do Marco Temporal. A derrubada de tal normativa é urgente, pois sua vigência resultaria no aumento da destruição da nossa biodiversidade e ameaça a sobrevivência de povos e culturas em todo o país", afirma.

Pantanal

No Pantanal, que vem sendo atingido por grandes incêndios em 2024, foram registrados 1.158 focos de queimadas entre 1º e 31 de julho, um aumento de 820% em comparação a julho do ano passado.

O valor é menor que o de 2020 (1.684 focos) — ano no qual incêndios devastadores atingiram 30% da área do bioma. Mas, em 2024 — de 1º de janeiro a 31 de julho —, o Pantanal já acumula 4.756 focos, ultrapassando os 4.218 focos detectados em 2020. O número de queimadas acumuladas em 2024 é 610% maior que a média dos últimos três anos (661 focos).

De acordo com um boletim semanal publicado pelo governo Federal, entre 1º de janeiro e 28 de julho a área queimada no Pantanal foi de 635 mil a 907 mil hectares (de 4,2% a 6% da área total do bioma. Segundo o documento, 84% dos incêndios no bioma em 2024 ocorreram em áreas privadas, 9,1% em Terras Indígenas e 5,5% em Unidades de Conservação Federais e Estaduais.

Desde o fim do ano passado, com a seca extrema impulsionada pelo forte El Niño de 2023, os incêndios têm batido recordes no Pantanal. No início de abril, especialistas já alertavam que o bioma poderia passar, em 2024, por uma de suas piores secas da história, já que foi atingido por uma seca extrema em plena temporada de cheias.

"As queimadas no Pantanal não afetam apenas a biodiversidade e a população local, mas o país e o mundo perdem a maior área úmida do planeta. É preciso ações efetivas, pois já estamos com áreas maiores que as queimadas registradas em 2020, e com o fogo fora da região da Serra do Amolar (Corumbá), onde estava concentrado até agora. Infelizmente, estamos diante de um cenário crítico e vivenciando o maior período de seca dos últimos anos", declara Cyntia Santos, analista de conservação do WWF-Brasil.

Cerrado

No Cerrado, foram registrados 7.463 focos de queimadas no mês de julho. O número representa um aumento de 15% em comparação a julho de 2023 (6.459 focos) e é o maior desde 2016. O registro é 11% maior que a média dos três anos anteriores (6.709 focos).

No Cerrado, em julho, mais da metade das queimadas se concentrou em dois estados: o Maranhão, com 2.106 focos (27%) e o Tocantins, com 1.874 focos (26%). Os dois estados pertencem ao Matopiba — região que também inclui o Piauí e a Bahia e que abriga atualmente a principal fronteira de expansão agrícola do país.

Entre 1º de janeiro e 31 de julho, foram registrados 20.692 focos de incêndio no Cerrado. É o maior valor para o período desde 2010 e representa um aumento de 23% em comparação com os primeiros sete meses de 2023. O número também é 22% maior que a média dos três anos anteriores (2021 a 2023).

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