Marina Silva: candidata do PSB ganhou apoio de um antigo aliado de Lula (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2014 às 16h57.
São Paulo - O dono do maior moinho de trigo do Brasil deu seu apoio à candidata presidencial Marina Silva, dizendo que é mais provável que ela adote as políticas necessárias para colocar a economia no eixo do que a atual presidente, Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT).
Lawrence Pih, CEO e proprietário do Moinho Pacífico Indústria e Comércio, disse que participaria da campanha de Marina se lhe pedissem.
Ele afirmou que se distanciou do PT nos últimos cinco ou seis anos por causa de uma divergência com as medidas “populistas” que foram adotadas.
Pih, 72, apoiou a fracassada candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva em 1989, quando Mario Amato, o então diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, disse que 800.000 líderes empresariais deixariam o Brasil se o ex-líder sindical vencesse.
Ele também apoiou as campanhas bem-sucedidas de Lula em 2002 e 2006.
Em 2008, Pih disse que era a favor de mudar a Constituição para permitir que Lula concorresse a um terceiro mandato em 2010. Agora, Pih diz que está pronto para dar apoio financeiro e intelectual a Marina Silva, que deixou o PT em 2009.
Marina Silva, ex-empregada doméstica e ex-seringueira, venceria Dilma no segundo turno, em 26 de outubro, segundo duas pesquisas publicadas nesta semana.
Ela prometeu garantir autonomia para que o Banco Central estabeleça a política monetária e também reduzir a inflação e desfazer medidas fiscais que levaram ao rebaixamento da dívida soberana.
Ela também disse que não pretende concorrer a um segundo mandato consecutivo, permitido pela Constituição.
‘Estado deplorável’
“A economia do Brasil está em um estado tão deplorável que será preciso colocá-la no eixo novamente”, disse Pih, em entrevista em seu escritório, em São Paulo.
“Alguém que não planeja concorrer a um segundo mandato tem condições de adotar as medidas dolorosas necessárias para corrigir a economia”.
A assessoria de imprensa da Presidência não respondeu a um e-mail enviado após o horário comercial em busca de comentários a respeito do apoio de Pih e da crítica às políticas econômicas do governo.
Marina Silva receberia 45 por cento dos votos no segundo turno, contra 36 por cento de Dilma, segundo uma pesquisa do Ibope realizada entre 23 e 25 de agosto.
Dilma teria 34 por cento de apoio na votação do primeiro turno, em 5 de outubro, e Marina conseguiria 29 por cento, mostram as pesquisas. O senador Aécio Neves teria 19 por cento dos votos.
Para evitar um segundo turno é necessário que um candidato receba mais votos do que todos os outros juntos.
Embora o setor privado prefira Aécio Neves, muitos empresários sentem que sua candidatura está afundando e votarão em Marina para evitar mais quatro anos de Dilma, que interveio muito mais na economia do que Lula, disse Pih.
“À medida que a candidatura de Marina se consolidar, tenho certeza de que os recursos financeiros começarão a fluir em direção a ela”, disse o líder empresarial.
Durante os três primeiros anos de Dilma Rousseff no poder a economia cresceu a metade da média anual de 4 por cento registrada durante os oito anos de Lula.
O crescimento mais lento não evitou que a inflação acelerasse. Os preços ao consumidor subiram 6,5 por cento em julho, no limite máximo da faixa-meta de inflação do Banco Central.
O Ibovespa, que caiu 13 por cento desde que Dilma assumiu, em janeiro de 2011, subiu 8 por cento neste mês com a crescente especulação de que ela não conseguirá um segundo mandato.
“O que os homens de negócios querem? Qualquer um, menos a Dilma”, disse Pih.