Na contramão da crise hídrica, energia solar bate recorde no Nordeste
O Operador Nacional do Sistema Elétrico anunciou ter registrado nesta semana recorde instantâneo de geração de energia solar fotovoltaica. O recorde anterior já havia sido batido em julho
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2021 às 16h15.
Última atualização em 28 de agosto de 2021 às 22h08.
Na contramão da seca em todo o Brasil e os desafios de geração de energia nas usinas hidrelétricas, a rede de energia solar na região Nordeste, a principal do país nesta frente, registrou recorde de geração nesta semana.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) anunciou que o recorde de geração instantânea foi batido na manhã de quinta-feira, 26. Foi registrado às 11h57 um pico de 2.336 megawatts (MW).
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O montante foi suficiente para atender a 20% de toda a demanda elétrica da região naquele minuto.
A rede de energia solar da região Nordeste vem batendo recordes nos últimos meses, enquanto a matriz hidrelétrica sofre com a falta de chuvas.
O recorde anterior já havia sido batido em 19 de julho, com 2.211 MW de geração de energia solar instantânea.
A região Nordeste abriga a maior parte das usinas solares fotovoltaicas e eólicas (geração a partir do vento) no Brasil. A energia gerada também é exportada a outras regiões.
Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar),a região tem mais de 2,4 GW de usinas fotovoltaicas em operação, 70% da capacidade instalada de geração centralizada no Brasil.
Matriz energética brasileira
A energia solar representa 2% da matriz brasileira, e o ONS aponta que a expectativa é atingir 2,7% até o fim do ano.
Segunda o ONS, em 2020, a matriz brasileira foi representada pelas seguintes fontes de energia:
- Solar fotovoltaica: 1,85%
- Nuclear: 1,20%
- Eólica: 10,06%
- Térmica: 21,44%
- Hidrelétrica: 65,45%
A projeção é que, em 2025, a energia solar represente 4% da matriz energética brasileira e a energia eólica chegue a 13% do total. As hidrelétricas devem cair para 59%.
Nacionalmente, além das grandes usinas, os pequenos sistemas de geração de energia solar, instalados nos telhados de residências e empresas, também triplicaram sua geração nos últimos 12 meses.
Projetos residenciais respondem por sete em cada dez instalações de painéis solares no Brasil. Só esses sistemas atingiram 3 GW de potência instalada, o suficiente para abastecer 1,2 milhão de casas.
Crise hídrica
O Brasil vive a maior estiagem dos últimos 91 anos neste inverno, o que tem afetado diretamente a geração de energia.
A capacidade de muitos reservatórios usados para geração de energia nas usinas hidrelétricas já se encontra muito baixa, segundo o ONS.
Com a alta participação das hidrelétricas, de acordo com os últimos dados do órgão, na sexta-feira, 27, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste tinha Energia Armazenada (EAR) em somente 22% do total e no Sul, 29%. No subsistema Nordeste o percentual estava em 50% do total e no Norte, em 72%.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que o Brasil seguirá com tarifa de energia elétrica na faixa da "bandeira vermelha 2", a mais cara e no geral usada quando é preciso complementar a geração de energia amplamente com usinas termelétricas.
A bandeira vermelha está em vigor desde maio e a bandeira vermelha 2, desde junho. A faixa 2 inclui uma cobrança adicional de 9,492 reais para cada 100 kWh consumidos de energia elétrica.
Especialistas e técnicos já debatem também um possível aumento na tarifa da bandeira vermelha 2, que pode ir de 50% a 150%, fazendo a taxa adicional chegar à casa dos 20 reais. A Aneel deve informar um aumento na próxima semana.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou nesta sexta-feira (27) a manutenção da bandeira vermelha 2, em vigor desde junho, para o mês de setembro. A decisão ocorre em meio a uma seca histórica na região das hidrelétricas.
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