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Com 120 dias sem chuva, DF tem seca mais longa desde 2010

Devido à seca, o Distrito Federal adota esquema de rodízio na distribuição de água desde janeiro

Brasília: de quarta (20) para quinta-feira (21), há possibilidade de chuva em áreas isoladas do DF (Paulo Whitaker/Reuters)

Brasília: de quarta (20) para quinta-feira (21), há possibilidade de chuva em áreas isoladas do DF (Paulo Whitaker/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 19 de setembro de 2017 às 10h14.

O Distrito Federal completa hoje (19) 120 dias sem chuva. Desde 2010, a região não fica tanto tempo sem chuva, quando foram registrados 130 dias de seca. O período de estiagem mais longo ocorreu em 1963, com 164 dias sem chuva.

A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para esta terça-feira é de tempo claro a parcialmente nublado, com névoa seca.

A temperatura oscila entre 17ºC e 28ºC. A umidade relativa do ar varia entre 55% e 20%. De quarta (20) para quinta-feira (21), há possibilidade de chuva em áreas isoladas do DF.

Devido à seca, desde janeiro, Distrito Federal adota esquema de rodízio na distribuição de água, com interrupção de 24h no fornecimento e 48h de estabilização.

Com isso, o brasiliense tem alterado a rotina e adotado medidas de economia de água. Kadiê Medeiros é síndico de um condomínio com cerca de mil moradores em Águas Claras, e já implantou várias práticas no prédio para diminuir o consumo, como a redução dos dias de lavagem das áreas comuns e o uso de equipamentos mais econômicos para limpeza.

Alguns serviços como o Spa foram proibidos nos dias de racionamento, e o serviço de lavagem de carros foi modificado, substituindo a máquina de alta pressão pela lavagem ecológica, que quase não utiliza água.

Toda a semana, o síndico e sua equipe fazem alertas nos elevadores e nos grupos de Whatsapp para lembrar da importância de reduzir o consumo de água nos dias de racionamento. A medida, segundo ele, vem fazendo efeito.

"Nossas caixas d'água são suficientes para manter a unidade abastecida até 24 horas, e temos notado que nos dias de racionamento o consumo têm diminuído, porque fazemos o monitoramento e vemos que ainda temos água suficiente para aguardar o abastecimento da Caesb [Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal]", diz.

Para dar o exemplo, Medeiros também adota medidas de contenção em seu apartamento, como o uso de balde para captar a água do chuveiro enquanto o aparelho esquenta, banhos mais rápidos e restrições do uso de água na limpeza. "É praticamente proibido nos dias de racionamento fazer aquela faxina geral na casa, e não lavamos roupas de forma alguma."

Rodízio

O presidente Companhia de Saneamento do Distrito Federal (Caesb), Maurício Luduvice, garante que enquanto os níveis dos reservatórios estiverem dentro das metas, não há previsão para tornar mais rigoroso o esquema de racionamento de água.

Segundo ele, houve redução do consumo nos últimos meses na região. "A maioria do brasiliense está colaborando muito, e é importante que mesmo com a volta das chuvas essa consciência perdure. Essa mudança cultural de que a água é um recurso finito é fundamental, que ela seja preservada e transmitida para as próximas gerações", disse Luduvice à Agência Brasil.

Os principais reservatórios que abastecem a cidade - o do Descoberto e o de Santa Maria - estão com volume baixo, porém acima da meta. No caso do Reservatório do Descoberto, o volume útil estava, nessa segunda (18), em 21,6%, e no de Santa Maria, 32,2%. Os valores de referência para este período são 14% e 26%, respectivamente.

Obras de captação

No início de outubro, a Caesb irá começar a retirada de água do Lago Paranoá, o que vai permitir a captação de 700 litros de água por segundo. Também estão sendo feitas obras para captação no Ribeirão Bananal e no Subsistema Produtor do Lago Norte.

No final de 2018, deve ficar pronta a obra no sistema de captação de Corumbá 4, o que vai permitir a captação de 1,4 mil litros por segundo na primeira entrega, prevista para dezembro de 2018, e 2,8 mil posteriormente.

A obra está sendo feita em parceria entre a Caesb e a Saneamento de Goiás (Saneago). O orçamento é de R$ 540 milhões, metade para cada unidade da Federação.

A Caesb também está investindo na melhoria do sistema de distribuição de água, para reduzir as perdas que chegaram a níveis de 35%, segundo Luduvice, muito influenciadas pelas ligações irregulares de água.

"Estamos atacando nas duas pontas: aumentando a capacidade de produção de água e também reduzindo a perda no sistema de distribuição."

Previsão

De acordo com o Inmet, há possibilidade de chuva em áreas isoladas do DF, de quarta (20) para quinta-feira (21). "Não será uma chuva homogênea, será em forma de pancadas", explica o meteorologista do Inmet Mamedes Luiz Melo. O último registro de chuva no Distrito Federal ocorreu no dia 22 de maio.

Segundo ele, a situação no DF está dentro das condições esperadas para o período. "Teremos chuva mais frequente e abrangente em novembro."

A Defesa Civil do DF declarou estado de emergência, por causa da baixa umidade relativa do ar, que chegou a 11% no final de agosto.

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