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Livro didático de Niterói faz Colômbia virar cidade alemã

Niterói (RJ) gastou 481 mil reais em livro didático sobre a Copa do Mundo com erros de ortografia, geografia e até história do Brasil


	Biblioteca: livro distribuído para alunos da rede pública sobre a Copa errou até a quantidade de títulos da campeã
 (4FR/Getty Images)

Biblioteca: livro distribuído para alunos da rede pública sobre a Copa errou até a quantidade de títulos da campeã (4FR/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2014 às 17h28.

São Paulo – A Copa do Mundo 2014 pode ter sido duplamente frustrante para alunos da rede municipal de Niterói (RJ). Além da vitória por 7 a 1 contra o Brasil, a Alemanha ganhou no Maracanã não só um título mundial, mas dois. Pelo menos é o que diz livro didático repleto de erros distribuído para estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental.

Além de desconsiderar o tricampeonato da Alemanha conquistado em 1990, o livro também afirma que a Colômbia é, na verdade, “uma das principais cidades alemãs”. O país sul-americano é confundido com a cidade de Colônia, uma das maiores da Europa.

Segundo o jornal O Globo, a prefeitura de Niterói  teria gastado 481 mil reais, com dispensa de licitação, em 6 mil exemplares da publicação “A Copa do Mundo no Brasil”, da editora Intertexo. Dividido em dois volumes, cada par do livro custou 80 reais aos cofres públicos.

Há também erros referentes à própria história brasileira. De acordo com o jornal, os autores afirmam que a principal atividade agrícola do país desde os tempos de colônia é o café. Na época, no entanto, quem impulsionava a economia era a cana-de-açúcar.

Entre as gafes também estão erros de digitação e ortografia, como a palavra “muçulmana”, que é grafada como “mulçumana”.

O Globo constatou que entre as 390 páginas de internet consultadas como fonte e citadas na bibliografia da obra, 64 foram publicações da Wikipedia e outras 17 retiradas de vídeos do YouTube.

Autores com ligações políticas

Entre os autores do livro está Maria D’Angelo Pinto, mulher do ex-prefeito Godofredo Pinto, que governou a cidade de 2002 a 2008. O filho do casal,  Bruno D’Angelo Pinto, também assina a publicação.

Além dos dois, há outros cinco autoresAo Globo, Maria D’Angelo atribuiu a série de erros a uma possível falha de revisão.

Procurada pelo jornal, a Fundação Municipal de Educação (FME) afirmou desconhecer as incorreções. José Henrique Antunes, presidente da instituição, disse que o livro foi comprado para aumentar o “repertório dos alunos”.

Sobre a falta de licitação, Antunes afirmou que a editora detém carta de exclusividade como única produtora para edição, distribuição e comercialização desse tipo de material.

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