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CNM: teto prejudicará repasses a políticas sociais de prefeituras

Hoje, as prefeituras são responsáveis pela execução de aproximadamente 390 programas do governo

Paulo Ziulkoski: "A população vai pagar muito caro por crise que estamos vivendo" (Wilson Dias/ABr)

Paulo Ziulkoski: "A população vai pagar muito caro por crise que estamos vivendo" (Wilson Dias/ABr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de outubro de 2016 às 18h44.

Brasília - A adoção de um teto para os gastos da União vai prejudicar os repasses para políticas sociais executadas pelas prefeituras, disse nesta segunda-feira, 24, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski. Segundo ele, a disputa por recursos dentro do Orçamento federal impedirá que os valores transferidos aos municípios sejam corrigidos ao menos pela inflação.

"O remédio que estão aplicando é muito forte e pode matar uma área muito importante, que é a social. Os prefeitos já estão em situação precária, faltam de condições de aplicação da lei. Isso vai afetar o cidadão que precisa de coisas singelas, mas fundamentais, como farmácia básica. Os valores (repassados) já estão defasados e não vão ter correção nos próximos 10 anos", disse.

Hoje, as prefeituras são responsáveis pela execução de aproximadamente 390 programas do governo, como Saúde da Família, farmácia popular, creches e transporte escolar. "Não há dinheiro novo, não vai se sustentar nem o que está aí. A população vai pagar muito caro por crise que estamos vivendo", acrescentou Ziulkoski.

Na última sexta-feira, 21, o Broadcast mostrou que 2.442 prefeituras de 3.155 municípios investigados pela CNM (77,4%) já estão no vermelho, e o quadro deve se agravar até o fim do ano, quando os novos gestores devem assumir uma verdadeira bomba fiscal. De 23 capitais incluídas no levantamento, 19 estão no negativo, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Posição radical

A situação é tão crítica que a Confederação está recomendando aos prefeitos que não façam nada além de suas responsabilidades. Quem assumiu despesas dos Estados, como combustíveis para veículos policiais ou transporte de alunos que não sejam do ensino fundamental, está sendo aconselhado a fechar a torneira.

"Os municípios têm de tomar posição mais radical (de não assumir outras responsabilidades). Não têm dinheiro, como vai atender o vizinho? Mas é a população que vai padecer mais ainda", reconheceu. Ziulkoski disse ainda que é falacioso dizer que a saúde será preservada durante a vigência da PEC do teto de gastos. "A saúde não está protegida. Isso é para iludir os incautos."

Ao longo desta semana, a entidade está promovendo uma espécie de "cursinho" para prefeitos eleitos e reeleitos sobre gestão. A lição principal é o ajuste fiscal. Mas a CNM reclama de ter sido abandonada pela União, que deveria, segundo o presidente, dar respaldo a essa tentativa de reorganizar as contas municipais.

"Tem um componente político, o governo provisório precisava se consolidar para ter senadores para votar impeachment, e quem tem força com senadores são governadores, não os prefeitos. Mas estamos nos sentindo abandonados totalmente, inclusive com essas leis que estão sendo aprovadas agora", disse Ziulkoski, citando a PEC do teto de gastos e a Desvinculação de Receitas da União (DRU), prorrogada até 2023. "Não há diálogo, não há lealdade ao que foi prometido pelo governo Temer."

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