Classe C impulsiona consumo de produtos piratas
Pesquisa mostra que classe C já é a que mais consome esse tipo de produto no país; governo alerta para ligação entre produtos e o crime organizado
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2010 às 14h04.
O presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, acredita que a classe C, "que chega com toda força ao mercado de consumo", está impulsionando o aumento do consumo de produtos piratas no Brasil mas o hábito se alastra por todas as classes sociais e faixas etárias.
A instituição divulgou hoje pesquisa sobre a pirataria, mostrando que 70,2 milhões de pessoas consomem produtos piratas no Brasil, ou 13,8 milhões a mais do total que compravam esses produtos em 2006.
O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Rafael Favetti, concorda que "a migração de classes aumentou o consumo em geral no País, de produtos lícitos e ilícitos". Ele disse que há uma "visão romântica" no Brasil de que os que produzem e distribuem produtos piratas são "coitados sem emprego".
Segundo ele, a realidade é diferente. "Quem faz e distribui pirataria, segundo todos os dados que temos de apreensões, mostram que quem faz e distribui esses produtos está ligado ao crime organizado", disse. Ele acredita que o combate passa pela fiscalização e repressão, mas também conscientização dos consumidores.
A parcela de consumidores da classe AB que consomem produtos piratas caiu nos últimos cinco anos, mas permanece elevada, segundo a pesquisa da Fecomércio-RJ. Enquanto em 2006 a pesquisa revelou que 53% dos consumidores dessa classe consumiam piratas, em 2010 o porcentual foi de 47%.
O economista da Fecomércio, João Gomes, disse que como a demanda da classe alta por esses produtos prossegue elevada, os produtores e distribuidores de piratas estão sofisticando mais os produtos para atender a essa fatia. Segundo ele, para todas as classes de renda o preço é apontado como fator predominante para o consumo de piratas.
Nas demais classes de renda, houve aumento no porcentual de consumidores que compram piratas entre 2006 e 2010, passando de 49% para 53% na classe C e de 32% para 39% na classe E. A avaliação da Fecomércio é que o aumento do rendimento para essas classes elevou o consumo de forma geral, inclusive de piratas.
Entre os produtos piratas consumidos, figuram de CD a cigarros. O porcentual de entrevistados na pesquisa da Fecomércio-RJ que compra CD pirata chegou a 79%, seguido de DVD (77%); óculos (7%); calçados, bolsas ou tênis (7%); relógios (5%); roupas (6%); brinquedos (3%) e cigarros (4%).
A pesquisa foi realizada em 1.000 domicílios, em 70 cidades, sendo nove regiões metropolitanas. Hoje a Fecomércio-RJ, no Estado do Rio de Janeiro, está lançando a campanha "Quem compra produto pirata paga com a vida". Segundo Diniz, o objetivo é esclarecer os consumidores sobre os riscos da pirataria as suas famílias.