Relatório também aponta que quanto maior é a escolaridade, menor é a chance de começar a fumar na adolescência (Stock Xchng)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2014 às 13h18.
São Paulo - Neste ano, 37% dos novos casos de câncer podem estar relacionados ao tabagismo, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgadas nesta quinta-feira, 31, Dia Mundial sem Tabaco. De acordo com os dados, os cânceres de pulmão e colorretal estão fortemente associados ao fumo.
Esse recorte é inédito e foi baseado nas estimativas do Inca sobre os novos casos de câncer em 2012, que previu 520 mil novos casos da doença neste ano. De acordo com o órgão, embora a taxa de fumantes no Brasil esteja pela primeira vez abaixo dos 15%, segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2011, o número de casos de câncer associados ao tabagismo continuam preocupantes. "O país já obteve muitos avanços na luta contra o tabagismo, mas ainda é preciso regulamentar definitivamente a lei dos ambientes 100% livres do tabaco e dar mais um grande passo em prol da saúde dos brasileiros", diz o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini.
Regiões - Os dados do Inca mostraram que os percentuais de cânceres associados ao tabagismo em relação a todos os registrados em 2012 serão de 34% entre homens e 45% entre mulheres da região Norte; 33% e 38%, respectivamente, no Nordeste; 35% e 40% no Centro-Oeste; 38% e 33% no sudeste; e 43% e 35% na região Sul.
Mortalidade - O Inca destacou que não só os novos casos, mas também a taxa de mortalidade, são alarmantes. As estimativas revelaram que, se for considerada uma expectativa de vida até os 80 anos de idade, os homens podem chegar a viver 6 anos menos, e as mulheres 5 anos menos, caso desenvolvam um câncer associado ao cigarro.
Ainda de acordo com os dados, o câncer de pulmão é o principal tipo da doença associado ao cigarro. Segundo o Inca, essa doença corresponde a aproximadamente 30% das mortes por câncer que ocorrem no Brasil entre o sexo masculino. Entre as mulheres, além do câncer de pulmão, o colorretal, bastante relacionado ao tabagismo, também é representativo, correspondendo a 20% das mortes por câncer na região Sudeste, por exemplo.
Outras causas - O Inca ainda chamou atenção para o fato de que o cigarro pode prejudicar a saúde de uma pessoa não somente pelo fumo, mas também pelo processo de produção, por exemplo. Desmatamento, uso de agrotóxico, incêndios e poluição do ar, além de afetarem o meio ambiente, danificam a saúde de trabalhadores, como os agricultores, e da população. "Basta manter um cigarro aceso para poluir o ambiente. A fumaça do cigarro contém mais de 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas, além de corantes e agrotóxicos em altas concentrações. Imagine a quantidade de toxicidade que várias pessoas fumando deixam no nosso planeta", diz a coordenadora da Divisão de Tabagismo do Inca, Valéria Cunha.
O fumo passivo também é outra maneira pela qual o tabagismo afeta as pessoas. De acordo com o Inca, estudos revelam que pessoas que não fumam, mas são expostas ao cigarro, apresentam um risco 30% maior de desenvolver câncer no pulmão e doenças cardíacas e têm de 25% a 35% mais chances de sofrer de doenças coronarianas agudas. O órgão indica que, no Brasil, ao menos sete pessoas que não fumam morrem por doenças provocadas pela exposição à fumaça do tabaco no Brasil.