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Ciclone-bomba deixa 10 mortos e rastro de destruição no Sul

Nove pessoas morreram em Santa Catarina e uma no Rio Grande do Sul. Rajadas de vento de até 90 km/h são esperadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná

Ciclone-bomba: ventos chegaram a 120 km/h foram registrados ontem na região Sul (Prefeitura de Chapecó/Divulgação)

Ciclone-bomba: ventos chegaram a 120 km/h foram registrados ontem na região Sul (Prefeitura de Chapecó/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de julho de 2020 às 13h03.

Última atualização em 1 de julho de 2020 às 13h06.

O ciclone bomba que atingiu o Sul do País matou ao menos dez pessoas e deixou um rastro de destruição na região. Nove pessoas morreram em Santa Catarina e uma pessoa no Rio Grande do Sul. Os ventos chegaram a 120 km/h, o equivalente a um furacão de categoria 1 na escala Saffir-Simpson. Rajadas de até 90 km/h são esperadas nos Estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e no território paranaense.

Em Santa Catarina, foram registradas mortes em Chapecó (1), em Santo Amaro da Imperatriz (1), em Tijucas (3), Governador Celso Ramos (1), Ilhota (1), Itaiópolis (1) e Rio dos Cedros (1). Além de uma pessoa que segue desaparecida em Brusque.

A tempestade passou por todas as regiões deixando um rastro de destruição, com quedas de árvores, postes e destelhamento de residências. Mais de 1,5 milhão de pessoas ficaram sem energia elétrica. De acordo com relatório da Defesa Civil do Estado, foram registrados estragos em 83 municípios catarinenses até as 6h30.

No Oeste, a Defesa Civil em Xanxerê atendeu ocorrências em 15 municípios, enquanto em Chapecó o órgão registrou estragos em dez cidades do entorno.

As coordenadorias de Blumenau e Florianópolis atenderam ocorrências em nove municípios cada. Os ventos fortes, que chegaram a 110k/h, provocaram destelhamento de casas e escolas na região da capital. Em Palhoça, na Grande Florianópolis, 10 unidades de educação foram afetadas e um ginásio teve o telhado arrancado pela força do vento.

O Corpo de Bombeiros somou mais de 1,6 mil ocorrências atendidas entre terça e as 7h30 desta quarta. Mais de mil soldados ficaram empenhados nos trabalhos neste período, com o auxílio de 380 viaturas. Já a Centrais Elétricas de Santa Catarina, Celesc, está com 300 equipes trabalhando para retomar a energia.

O ciclone foi alertado pela Marinha, que comunicou ressaca com ondas de três e quatro metros no litoral gaúcho e catarinense.

"Ciclone bomba"

O "ciclone bomba" que está passando pelo sul do país ocorre quando a pressão atmosférica no centro do ciclone de forma muito rápida. A meteorologista Estael Sias, da Metisul, diz que "quanto mais baixa a pressão atmosférica numa determinada área, mais tem elevação de ar e nuvens carregadas."

O fenômeno acontece, geralmente, associado a contraste de temperatura. Há poucos dias, houve calor histórico e agora há incursão de potente massa de ar polar, ressalta Estael.

O evento é comum no inverno do Norte da Europa e no Nordeste dos Estados Unidos, onde recebe o nome de Nor'Easter.

No Atlântico Sul, é mais comum em latitudes mais ao Sul de onde está ocorrendo agora, mais frequente a sudeste do Rio da Prata, na costa da Argentina, ou no cinturão de baixas da Antártida. São estes ciclones que "sugam" ar muito frio e trazem queda de temperatura.

Isso explica a previsão para temperaturas negativas nas regiões mais altas das serras gaúcha e catarinense.

A meteorologista alerta que nesta quarta-feira, 1º, o ciclone alcança a faixa leste de todo o sul do Brasil e se estendendo até o litoral paulista. Os riscos são vento forte e intensa sensação de frio.

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, um operário morreu soterrado na Serra gaúcha nesta terça. A mortes aconteceu na cidade de Nova Prata, na região da Serra. A vitima, Vanderlei Oliveira, de 53 anos, foi soterrada após deslizamento de terra. Ele trabalhava em uma construção quando um barranco desmoronou.

Segundo a Defesa Civil Estadual do Rio Grande do Sul, 1.035 pessoas estão fora de suas residências em 16 cidades. Os municípios mais atingidos são Vacaria, com 520 pessoas desalojados, e Capão Bonito do Sul, com 400 moradores atingidos.

Em Iraí, no norte do Estado, o vendaval destelhou ao menos 300 casas, afetando 250 famílias.

Devido ao forte vendaval, quase 900 mil pessoas estão sem luz no Estado. A prefeitura de Porto Alegre já registrou a queda de 23 árvores, assim como de postes e fios.

Ao se deslocar para o oceano, o ciclone bomba deixou em alerta a região litorânea do Rio Grande do Sul. "O ciclone bomba é um centro de baixa pressão atmosférica de formação explosiva que têm queda da pressão em seu centro mais rápida que o normal", explica a meteorologista Estael Sias.

A previsão do tempo no Estado para esta quarta é de tempo instável e ventoso devido a atuação do ciclone bomba no Atlântico.

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