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Chikungunya avança no Rio com quase 9 mil casos em 2018

Os dados são de janeiro a abril e já correspondem a mais do que o dobro de todo o ano passado, quando foram 4.305 casos

Chikungunya: em ambientes urbanos, vírus é transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti (Marvin Recinos/AFP)
AB

Agência Brasil

Publicado em 21 de maio de 2018 às 16h37.

O número de casos de febre chikungunya registrados este ano pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), no Rio de Janeiro, chegou a 8.963. Os dados são de janeiro a abril e já correspondem a mais do que o dobro de todo o ano passado, quando foram 4.305 casos. De janeiro a abril de 2017 foram infectadas 2.065 pessoas.

O médico Alexandre Chieppe, da Subsecretaria de Vigilância em Saúde, disse que o aumento já era esperado, uma vez que o vírus nunca circulou no estado e, portanto, a população não tem imunidade a ele.

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"A situação da chikungunya no estado , já era uma preocupação, devido ao baixo padrão de imunidade da população. Como é um vírus novo, a população é toda susceptível. Isso é um ingrediente importante no componente de altas transmissões de chikungunya. A gente vem se preparando há algum tempo, desde 2014 já vinhamos monitorando o que estava ocorrendo no Brasil e já esperavamos a possibilidade da entrada e circulação mais intensa no país".

Chieppe destaca que não se pode caracterizar a situação como uma epidemia de chikungunya, mas, sim, casos de surtos isolados da doença, que não se espalhou por todo o estado.

"Temos uma transmissão isolada em pontos de alguns municípios, mas não há uma transmissão em todo o estado. Então, eu diria que temos surtos isolados da doença em algumas localidades. Não chega a ser uma epidemia, que é mais abrangente no tempo e no espaço, ou seja, que dura mais tempo e abrange mais território".

O médico citou aumento de casos em Niterói, em alguns bairros do Rio, em São Gonçalo e em Nova Iguaçu, na baixada fluminense. Ele lembrou que a primeira notificação da febre chikungunya no país ocorreu em 2014, em Feira de Santana, na Bahia, e depois se espalhou pela Região Nordeste.

Apesar do aumento considerável em relação ao ano passado, a partir de agora, o número de casos tende a cair, devido à sazonalidade da transmissão da doença, que segue o mesmo padrão da dengue, pois tem o mesmo mosquito vetor, o Aedes aegypti.

"A tendência agora já é diminuir muito a transmissão, a partir da segunda quinzena de junho, em julho, e eventualmente voltaremos a observar aumento de transmissão lá pelo mês de dezembro. É isso que, historicamente, acontece com a dengue e com as outras arboviroses urbanas. Tem relação com a chuva e com a queda da temperatura, isso tudo facilita a diminuição da população de mosquito e a menor atividade do vírus".

Dengue e zika

Os casos de dengue também aumentaram este ano. De janeiro a abril do ano passado, foram 6.162 registros e, no mesmo período deste ano, chegaram a 8.007, um aumento de 29,9%.

Em todo o ano passado, foram registrados 10.697 casos de dengue. Apesar do aumento, Chieppe disse que a variação está normal para os períodos interepidêmicos.

Segundo o médico, o estado caracteriza como epidemia quando é ultrapassada a marca de 50 mil no ano, como em 2016, quando ocorreram 72 mil casos apenas entre janeiro e julho. Ao todo, naquele ano ano foram registrados 1.483.62 casos de dengue e, em 2017, o número caiu para 251.711.

Já os casos de zika diminuíram no período. No estado, foram 2.508 em todo o ano de 2017, com 1.722 casos entre janeiro e abril. Este ano, foram 780, mostrando uma redução de 54%. Chieppe disse que, em 2016, houve uma transmissão muito forte do vírus Zika e, como cada pessoa só pega a doença uma vez, a tendência é diminuir o contágio.

"Teve transmissão muito intensa no ano retrasado, então, grande parte da população foi imunizada de forma natural. Isso faz com que o risco de novos casos diminua, porque o mosquito encontra pouca gente susceptível".

Em 2016, foram registrados no país 216.207 casos de zika. Em 2017, o número caiu para 17.594 casos prováveis.

Histórico e sintomas

Segundo o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz), o primeiro registro de chikungunya no Brasil foi em 2014, após a Copa do Mundo realizada no país.

O nome da doença significa "aqueles que se dobram" no idioma swahili, da Tanzânia, no leste da África, onde ocorreu a primeira epidemia documentada, entre 1952 e 1953. O termo se refere à aparência curvada dos pacientes devido às fortes dores.

O vírus Chikungunya, o CHIKV, é transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti, em ambientes urbanos, e pelo Aedes albopictus nas áreas rurais ou selvagens. Existe a possibilidade da transmissão intrauterina do vírus da mãe para o feto.

Depois de pegar a doença uma vez, a pessoa fica imune pelo resto da vida. A taxa de mortalidade em menores de um ano é de 0,4%, mas a probabilidade aumenta se houver alguma patologia associada.

Os sintomas podem ser confundidos com os da zika ou da dengue, transmitidas pelo mesmo mosquito. Os principais sintomas são febre alta repentina, dores intensas nas articulações dos pés e mãos, dedos, tornozelos e pulsos. Pode ocorrer dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele.

A incubação demora de 4 a 7 dias e os sintomas começam de dois a doze dias após a picada do mosquito. Cerca de 30% dos pacientes não apresentam sintomas.

Ainda não existe vacina ou medicamentos contra chikungunya. A única forma de prevenção é combater o mosquito vetor, eliminando os possíveis criadouros.

Outros cuidados incluem usar calça e manga comprida, para minimizar a exposição da pele durante o dia, quando os mosquitos são mais ativos, além do uso de repelentes, inseticidas e mosquiteiros.

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