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Chefe do tráfico na Rocinha tentou negociar rendição com a PF

Rogério 157 procurou os policiais pouco antes da chegada das Forças Armadas à favela, mas a negociação não foi para frente

Membro das Forças Armadas em operação na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro (Bruno Kelly/Reuters)
AB

Agência Brasil

Publicado em 25 de setembro de 2017 às 20h26.

Última atualização em 25 de setembro de 2017 às 20h28.

A Polícia Federal informou que foi procurada na sexta-feira (22), pouco antes da chegada das Forças Armadas à Rocinha , por uma pessoa da família do traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, para negociar a rendição dele.

Segundo o chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal no Rio de Janeiro, delegado Carlos Eduardo Thomé, no mesmo dia equipes de policiais federais se posicionaram no entorno da comunidade para avançar na negociação e acompanhar a movimentação das forças de segurança que estavam na região.

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No entanto, o familiar do traficante pediu que a negociação se estendesse até sábado e não houve mais contato para combinar a rendição.

"Pelo trato, estava bem claro que ele estava cercado, estava acuado dentro da favela e não estava sendo possível ele sair naquele momento. Esse familiar pediu que aguardássemos que no dia seguinte voltaria a procurar a polícia e intermediar este contato para ele poder se entregar. Isso não aconteceu no sábado, também não aconteceu no domingo e, até o momento, não voltou a procurar a polícia. Reforçamos, todos os órgãos estão à disposição para que ele possa procurar e se entregar", disse à Agência Brasil.

Thomé disse que a situação de Rogério 157 é bastante "desconfortável" porque, além de estar sendo procurado pelas forças de segurança, trava uma disputa de território com os antigos aliados da mesma facção criminosa.

"A situação dele não é nada confortável dentro da favela. Estamos trabalhando. Ele está sempre cercado em vários pontos tanto que estão ocorrendo confrontos nas comunidades. Tenho certeza que em pouco tempo ele será capturado", disse.

O delegado não acredita que a proposta de rendição tenha sido uma tentativa de testar até onde as forças de segurança poderiam ir para realizar a prisão do criminoso.

"Não enxergo dessa maneira de testar até onde podia ir. Segundo o familiar, ele confia no trabalho da polícia. O objetivo dele era efetivamente a negociação de forma que ele pudesse se entregar, responder pelos seus crimes e ter a sua integridade física preservada. Evitar a sua morte em confronto, seja com as forças de segurança, ou mesmo com seus antigos comparsas. Ele estava efetivamente temendo pela sua vida", indicou.

A violência se acirrou na Rocinha na última semana quando grupos rivais iniciaram um conflito armado pelo controle do território. A polícia chegou à comunidade um dia depois que a disputa teve início e, posteriormente, recebeu o reforço de militares das Forças Armadas.

Desde 22 de setembro, foram apreendidos 22 fuzis, duas pistolas, oito granadas, explosivos caseiros e mais de 2 mil munições e carregadores.

A operação conjunta das polícias civil e militar com as Forças Armadas já prendeu 16 suspeitos e apreendeu dois adolescentes. Duas pessoas morreram em confronto com os policiais, segundo a Secretaria Estadual de Segurança Pública.

Casa de alto padrão

Segundo o delegado, como o traficante não se entregou, a Polícia Federal fez incursões na comunidade junto com integrantes de outras forças de segurança. Parte das diligências ocorreu na região de mata para a localização de armas e drogas escondidas. Já em outra, os agentes chegaram a duas casas do traficante na comunidade.

"Nós tínhamos conhecimento de dois endereços dele e pudemos confirmar. As duas casas se destacam pelo alto padrão em relação à comunidade, com eletrodomésticos de primeira, TVs de 60 polegadas, ar-condicionado split em toda a residência, fino acabamento do piso, pia com granito. Tudo de ótima linha, no alto padrão de luxo. Eram casas que ele efetivamente utilizada para sua moradia no interior da comunidade e que ficam na parte alta da favela", revelou.

O delegado disse que os serviços integrados de inteligência de órgãos federais e estaduais estão monitorando a movimentação dos traficantes e das facções criminosas inclusive para saber se há apoio entre os diversos grupos que atuam nas comunidades do Rio.

"Uma coisa é certa. O Comando Vermelho não está interessado em abraçar o Rogério. Ele [o Comando Vermelho] está de olho em assumir o comando da Rocinha. Então, ele [Rogério 157], sem a favela da Rocinha, sabe que não vai ser recebido pelo Comando Vermelho. Por isso, digo que a situação dele é bastante desconfortável e a sua integridade física está em risco em razão disso. Está sendo procurado, está fortemente armado, cercado de seguranças, mas também caçado por seus antigos comparsas da sua facção [Amigo dos Amigos (ADA) ] que teve a dissidência [com o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha]", indicou.

A atuação da Polícia Federal, tanto na Rocinha, como em outras comunidades onde têm sido registrados os deslocamentos de traficantes em fuga, é focada na realização de diligências pontuais para verificação de dados de inteligência e para tentar efetuar a captura de criminosos.

Já a ocupação é feita pelas forças estaduais e federais. Segundo o delegado, a ida de agentes da PF no sábado à Rocinha foi para confirmar as informações colhidas.

"A equipe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes vem atuando acompanhando a movimentação e trocando informações em trabalho de forma integrada com as forças estaduais de segurança", concluiu.

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