Chance de aliança com PT no 1º turno é próxima de zero, diz Ciro
O presidenciável disse que já está procurando outros nomes e conversando com os outros partidos para vice de sua chapa
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de maio de 2018 às 12h58.
São Paulo - Após trocar farpas com a presidente nacional do PT , Gleisi Hoffmann, o ex-ministro e pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes , afirmou neste sábado (5), que a chance de uma aliança entre os dois partidos no primeiro turno das eleições presidenciais é "próxima de zero".
O presidenciável disse que já está procurando outros nomes e conversando com os outros partidos para vice de sua chapa, mas deixou claro que uma negociação com o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria bem recebida.
Nesta semana, a senadora Gleisi Hoffmann afirmou que uma conversa com Ciro Gomes não aconteceria "nem com reza brava". Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Ciro respondeu que tinha "pena" da presidente do PT. Ele procurou explicar a declaração dizendo que lamentava o que a presidente do PT pensa. "Eu tenho pena de ela pensar e dizer isso porque temos que tomar muito cuidado inclusive para explicitar nossas diferenças", afirmou o pré-candidato, fazendo uma crítica indireta à cúpula petista.
"Para algumas pessoas, que não tem treinamento, que não tem nível, que não tem vida crítica, não conhece o país, outros valores importantes parecem prevalecer sobre o valor maior, que é o nosso País e a sorte do nosso povo", declarou. Ciro negou, no entanto, que estivesse referindo-se diretamente a Gleisi Hoffmann.
Ele destacou que não está procurando aproximação com o PT, mas deixou claro que ainda espera uma negociação com o partido. "Claro que seria um apoio bem-vindo, só que sou um homem vivido e a natureza do PT, e eu compreendo e respeito, é ter o seu próprio candidato." Ele repetiu que é preciso "respeitar o PT e dar a eles o tempo que eles precisam".
"Todo dia eles falam de mim, eu estou tocando minha bandinha, já convidei outras pessoas para vice e estou discutindo com outros partidos", emendou. Quando questionado sobre qual é a chance de uma aliança com o PT no primeiro turno, o ex-ministro disse ser próxima de zero. "Não tenho a menor ideia, mas acho que é próxima de zero."
Ciro citou como um pretenso vice apenas o empresário Josué Alencar, filho do ex-vice-presidente José de Alencar. Ele negou que o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, possível pré-candidato do PSB, esteja no rol de conversas. "Ele é muito grande e a gente tem que respeitar o homem."
Para Ciro, um "vice ideal" é um "homem da produção" que seja respeitado pelo setor industrial. O pré-candidato afirmou que é preciso fazer uma "desratização" do Congresso Nacional e que espera uma renovação em torno de 60% a 70% no Parlamento nestas eleições.
Em conversa com jornalistas, Ciro defendeu o fim do foro privilegiado para todos os cargos no País. A exceção, citou, seria atos do presidente da República, evitando que o mandatário fosse julgado por um juiz de primeira instância por conta de medidas de governo.
"É preciso acabar pura e simplesmente para todo mundo, isso é uma excrescência completa", disse, afirmando que a mudança deveria ser feita pelo Congresso Nacional, e não pelo STF. "Essa ideia do judiciário ocupar esse vácuo legislando é uma distorção grave que tem ser encerrada."
Visita a Lula
Ontem, o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TFR-4) indeferiu liminarmente pedido de visita ao ex-presidente Lula, preso em Curitiba, feito por Ciro Gomes, pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, e deputado federal André Figueiredo. Ciro disse que recebeu a notícia com "muita estranheza" e que tem direito de visitar o petista como "amigo". Ele negou que queira conversar com Lula sobre política. "Vou falar com ele sobre coisas pessoais: velho camarada, então, rapaz, que merda é essa que fizeram? Imagina se eu vou chegar lá falando de política."
Diversidade
O PDT realizada neste sábado, em Guarulhos (SP), o primeiro congresso nacional do partido destinado a discutir políticas públicas para a comunidade LGBT. Ciro afirmou que a defesa de direitos inclusivos estarão na sua campanha, mesmo que isso signifique perda de votos no setor conservador. "Nem só de voto vive o homem. Não quero ser referência de ódio e de intolerância para ninguém."
Em seu discurso no evento, Ciro criticou indiretamente o deputado federal Jair Bolsonaro, pré-candidato ao Planalto pelo PSL "Certos candidatos que apresentam muita homofobia, acho que é medo de sair do armário, não estou falando de ninguém, qualquer semelhança..."
O ex-ministro disse que não terá medo de colocar a pauta LGBT em seu programa de governo. "Não haverá um país justo e progressista se não aclamarmos nossas diferenças", disse.