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"Centro Aberto" deve ser expandido para demais bairros de SP

Custo de implementação do programa varia de R$ 200 mil a R$ 500 mil, com manutenção mensal de R$ 10 mil a R$ 15 mil

Centro Aberto: programa propõe intervenções urbanas a fim de tornar áreas públicas mais amigáveis para os pedestres (Prefeitura de S. Paulo/Divulgação)

Centro Aberto: programa propõe intervenções urbanas a fim de tornar áreas públicas mais amigáveis para os pedestres (Prefeitura de S. Paulo/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de outubro de 2019 às 12h45.

São Paulo — As "praias de paulista" - como muita gente chama o programa Centro Aberto - vão crescer e chegar aos bairros, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. Criado pela Prefeitura de São Paulo em 2014, o projeto, hoje em 5 espaços na região central, estará em 15 até o fim de 2020, em locais como o Largo do Clipper, na Freguesia do Ó, e um lote junto da estação Tucuruvi, ambos na zona norte da capital.

O Centro Aberto realiza uma série de intervenções em áreas públicas, com deques de madeira, internet gratuita, empréstimo de cadeiras de praia e atividades culturais e esportivas, dentre outras.

As mudanças incluem também a mobilidade urbana, como a implantação de novas faixas de pedestres e a restrição de áreas de estacionamento e tráfego de veículos.

O programa está hoje nos Largos São Bento, General Osório, Paiçandu e São Francisco, além da Rua Galvão Bueno, todos no centro. A proposta da gestão Bruno Covas (PSDB) é inaugurar cinco unidades até maio, e mais cinco até o fim de 2020.

A primeira parte abarca os seguintes espaços: Praça Costa Manso, no Glicério, e Praça Padre Bento, no Pari, ambos no centro expandido; Largo do Clipper, na Freguesia do Ó, e Avenida Doutor Antônio Maria Laet, junto à estação Tucuruvi, ambos na zona norte; e Largo 8 de Setembro, na Penha, zona leste.

Dentre os pontos em estudo pela Prefeitura estão uma área junto ao Terminal Lapa, na zona oeste; a Praça Manoel Lopes, no Jardim Ângela, e o Largo Treze de Maio, ambos na zona sul; além da Praça Fuhad Smaire, no Jaraguá, zona norte.

O programa propõe intervenções urbanas a fim de tornar áreas públicas mais amigáveis para os pedestres. "É uma forma de criar ambiência e atratividade, para as pessoas circularem mais e melhor", explica o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Fernando Chucre. Segundo ele, há conversas com subprefeituras para ampliar ainda mais o projeto.

"São Paulo tem um centro histórico, origem da urbanização, e também outras centralidades. Várias regiões ou distritos têm os seus próprios centros, com atividade comercial, terminal de ônibus, equipamentos com grande circulação de pedestres", comenta. "Alguns desses espaços são extremamente inadequados ou pouco adequados para a circulação de pedestres."

No caso do Largo do Clipper, por exemplo, um levantamento da Prefeitura aponta que a distribuição dos canteiros e de vagas de estacionamento atrapalham a circulação de pessoas, que ainda enfrentam dificuldade para atravessar a rua.

Por isso, a intervenção vai mudar a distribuição das faixas de travessia do entorno e ampliá-las de cinco para sete, além de aumentar a área de passagem de pessoas dentro do largo.

Os endereços foram selecionados a partir de estudos de viabilidade, que priorizam áreas de maior densidade populacional, com 40% a 60% do entorno com comércio e serviços privados e com tráfego de veículos.

O Largo do Clipper foi bem avaliado pela Prefeitura pela praça, presença de base da polícia e por ser frequentado pela população.

Os fatores negativos foram espaço pequeno, proximidade a uma avenida de tráfego intenso e poluição sonora. "Ele é extremamente árido e inadequado para a circulação e permanência de pedestres", afirma Chucre.

A reportagem visitou o espaço no início do mês, quando quatro pessoas ocupavam os bancos. Duas moram em bairros vizinhos e foram lá para resolver pendências nos bancos e comércios, enquanto as outras duas estavam no intervalo.

"Aqui é de boa, a gente senta um tempo na hora do almoço", comenta a atendente de loja Tatiana Sant'Anna, de 33 anos.

O custo de implementação varia de R$ 200 mil a R$ 500 mil, com manutenção mensal de R$ 10 mil a R$ 15 mil. "A implementação é simples e o equipamento promove efeito imediato (de requalificação) no território", diz Chucre.

Aperfeiçoamento

Inspirado em experiências internacionais e desenvolvido com consultoria do dinamarquês Jan Gehl, o Centro Aberto é importante, mas precisa ser "abrasileirado". É o que afirma o urbanista Celso Aparecido Sampaio, professor da Universidade Mackenzie.

Isso porque, diz, São Paulo não tem infraestrutura e políticas públicas tão consolidadas e a ampliação do projeto pode esbarrar nas carências das regiões.

"Falta atenção para outras políticas, como para moradores de rua. Sem essas ações, o Centro Aberto acabará se tornando um local de moradia para essas pessoas", alerta. "Só uma bela praça não vai resolver."

Renato Cymbalista, professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), destaca o fato da continuidade da política, após a troca de partido na Prefeitura. "O programa foi mantido, é sinal de solidez." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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