Ratinho Jr., governador do Paraná, durante debate em São Paulo (Eduardo Frazão/Exame)
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Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 16h45.
Os partidos de centro que trabalhavam para que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) lançasse o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na disputa presidencial em 2026 resistem em aderir à pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e estudam um plano alternativo para o ano que vem.
O nome do governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), ganhou força nos bastidores para representar siglas como União Brasil, PP, PSD e Republicanos na corrida pelo Palácio do Planalto. Para isso, as legendas deram início à negociação para retirar o senador Sérgio Moro do União Brasil a fim de ajudar o chefe do Executivo paranaense a emplacar seu sucessor, o secretário estadual de Cidades, Guto Silva (PSD).
A leitura de dois líderes do centrão ouvidos pela EXAME é que Tarcísio irá avalizar a escolha de Bolsonaro e focará na reeleição em São Paulo. Enquanto isso, Flávio enfrenta dificuldade para se fortalecer no grupo que preferia o governador paulista. A reunião com os presidentes dos partidos, anunciada por ele mesmo para acontecer nesta segunda-feira, 8, por exemplo, ainda não foi confirmada.
A conversa deve acontecer, mas não no momento escolhido pelo senador. A avaliação é que Flávio não teria capacidade de ampliar o eleitorado e teria pouca chance de vencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), possível adversário em 2026.
Como reação, as siglas decidiram avançar nas negociações para fortalecer o projeto de Ratinho à presidência. Nesse sentido, devem ampliar a ajuda no projeto do governador no Paraná e atuar para que o União Brasil não dê legenda para Sergio Moro disputar o governo estadual. O ex-juiz da Lava Jato aparece em primeiro em diversas pesquisas e é o principal entrave para o crescimento de Guto Silva.
Aliados de Moro ouvidos pela EXAME sob reserva não descartam uma mudança de partido para manter a candidatura ao Executivo paranaense, mas reconhecem a dificuldade de migrar para uma legenda que dê a mesma estrutura eleitoral.
Pessoas próximas à família Bolsonaro, por sua vez, minimizam o movimento do centrão e rebatem na mesma moeda: balão de ensaio não é a candidatura de Flávio, mas a de Ratinho como forma de pressionar a antiga família presidencial.
A aposta é que, no fim das contas, o senador conseguirá atrair o PP, União Brasil e Republicanos. O cálculo é que, em um Brasil polarizado, a presença do filho do ex-presidente no segundo turno é praticamente certa e o palanque bolsonarista pode ajudar as siglas a fazerem uma bancada forte para o Congresso Nacional.
No domingo, 7, na primeira entrevista após ser anunciado como o indicado pelo ex-presidente para encabeçar a chapa presidencial em 2026, Flávio disse que sua candidatura tinha um “preço”. A afirmação fez aumentar a percepção na classe política de que o senador não iria até o fim com a empreitada.
Horas depois, no entanto, o senador disse que o preço para se retirar da disputa seria uma anistia que inocentasse seu pai e permitisse que ele fosse candidato em 2026.
Esse cenário, no entanto, é improvável, uma vez que ele foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e condenado a 27 anos e três meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Flávio também disse que Tarcísio foi o primeiro político que procurou após definir sua candidatura e que conta com o apoio do governador de São Paulo. No entanto, mais de três dias após o anúncio, o chefe do Executivo paulista ainda não se pronunciou sobre o tema.