Brasil

Centrão planeja consulta à CCJ para barrar reeleição de Maia

Líderes do Centrão planejam apresentar uma consulta à CCJ da Câmara para saber se o deputado pode ou não disputar reeleição para presidência da Casa

Maia: deputado terá de reunir apoio suficiente no colegiado para aprovar um parecer favorável a sua reeleição (Adriano Machado/Reuters)

Maia: deputado terá de reunir apoio suficiente no colegiado para aprovar um parecer favorável a sua reeleição (Adriano Machado/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de novembro de 2016 às 21h03.

Brasília - Líderes do Centrão - grupo de 13 partidos da base aliada liderado por PP, PSD e PTB - planejam apresentar nas próximas semanas uma consulta à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para saber se o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) pode ou não disputar reeleição para presidência da Casa.

A próxima eleição para os cargos da Mesa Diretora está marcada para o início de fevereiro do próximo ano.

O objetivo da consulta é barrar a estratégia de Maia de usar apenas pareceres jurídicos favoráveis a sua reeleição para registrar sua candidatura.

Como mostrou o Broadcast Político na semana passada, a ideia do parlamentar fluminense é, caso consiga apoio político suficiente para sua reeleição, fazer o registro apenas na véspera da disputa. A candidatura seria, então, homologada pelo 1º vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), aliado de Maia.

Com essa estratégia, o atual presidente da Câmara buscava evitar uma judicialização sobre o tema no Supremo Tribunal Federal (STF) e questionamentos prévios na própria CCJ. Com a consulta na comissão pelo Centrão, porém, a disputa será antecipada.

Maia terá de reunir apoio suficiente no colegiado para aprovar um parecer favorável a sua reeleição. Do contrário, pode acabar tendo a candidatura barrada pela CCJ, o que colocaria por terra seus planos de continuar no cargo.

Segundo apurou o Broadcast Político, a ideia do Centrão é apresentar a consulta na próxima semana. Oficialmente, porém, eles desconversam e dizem que ainda não há data.

"Essa é apenas uma hipótese levantada", disse o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), um dos pré-candidatos do grupo à presidência da Câmara.

"Seria bom fazer essa consulta, porque aí decide essa questão logo de uma vez por todas", afirmou Aguinaldo Ribeiro (PB), líder do PP na Casa.

A consulta na CCJ é considerada, por hora, a principal estratégia do Centrão para barrar a articulação de Maia. O grupo também chegou a cogitar fazer uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) no Supremo.

No entanto, a avaliação, por enquanto, é de que é melhor tentar resolver a situação na CCJ, onde a margem de manobra política é maior. No Supremo, a decisão tende a ser mais técnica.

Pareceres

Como mostrou na terça-feira, 15, o Broadcast Político, Maia e o Centrão fazem uma disputa de pareceres sobre a possibilidade de o atual presidente da Câmara disputar reeleição.

O Centrão se baseia em parecer da área jurídica da Casa de 1º de julho deste ano que sustenta que a proibição para reeleição contida na Constituição Federal e no Regimento Interno da Casa também se aplica a presidentes eleitos para mandato-tampão, como Maia.

O deputado do DEM, por sua vez, tem em mãos pelo menos três pareceres que sustentam que ele pode disputar reeleição. O mais recente foi finalizado nessa terça-feira, 15, por Heleno Torres, advogado e professor da Faculdade de Direito da USP.

No parecer, Torres sustenta que a proibição à reeleição só vale para presidentes eleitos no primeiro ano da legislatura para mandato completo de dois anos.

Maia tem ainda outros dois pareceres que tratam de tema semelhante: um do ex-ministro do STF Francisco Rezek e outro do atual ministro Luís Roberto Barroso, de quando era advogado.

Nos documentos, os dois defendem a reeleição de Garibaldi Alves (PMDB-RN) à presidência do Senado em 2008, após ele ter sido eleito para um mandato-tampão de 14 meses, depois da renúncia de Renan Calheiros (PMDB-AL) ao cargo, em 2007.

A exemplo de Garibaldi, Rodrigo Maia foi eleito para presidência da Câmara em 14 de julho deste ano para um mandato-tampão de quase 7 meses.

Ele foi escolhido pela maioria dos parlamentares, após o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) renunciar ao comando da Casa. Após renunciar, Cunha acabou cassado em 12 de setembro e preso pela Operação Lava Jato em 19 de outubro.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosRodrigo Maia

Mais de Brasil

Inovação da indústria demanda 'transformação cultural' para atrair talentos, diz Jorge Cerezo

Reforma tributária não resolve problema fiscal, afirma presidente da Refina Brasil

Plano golpista no Planalto previa armas de guerra