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Celso Amorim minimiza revelações do WikiLeaks

"A maior parte do que li eu já conhecia ou é pouco relevante", revelou o ministro

O ministro Celso Amorim desdenhou das notas diplomáticas publicadas pelo WikiLeaks (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)

O ministro Celso Amorim desdenhou das notas diplomáticas publicadas pelo WikiLeaks (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2011 às 20h53.

Washington - O chanceler brasileiro, Celso Amorim, afirmou nesta terça-feira que "não lhe interessam" as "percepções" dos diplomatas americanos, ao minimizar a importância dos documentos divulgados pelo site WikiLeaks.

"Devo dizer que não estou tão emocionado como a maioria de vocês" sobre os milhares de documentos diplomáticos dos EUA revelados pelo site, disse Amorim durante um evento em Washington.

"A maior parte do que li eu já conhecia ou é pouco relevante", revelou Amorim, que foi reconhecido hoje pela revista Foreign Policy como um dos 100 "pensadores globais" de 2010.

"Não vou discutir percepções de agentes diplomáticos americanos. Sinceramente, o tom que um agente diplomático americano utiliza para fazer suas avaliações é algo que não me interessa".

"Você acredita em tudo o que dizem nos telegramas"? - respondeu Amorim ao ser perguntado sobre a preocupação dos Estados Unidos com a negativa de Brasília de qualificar certos grupos como terroristas, ou sua "sensibilidade" diante de insinuações de que estes grupos poderiam manter atividades no Brasil.

"O Brasil combate o terrorismo, mas tem uma visão diferente: não tendemos a associar todo crime ao terrorismo". "O fato é que o Brasil não é palco de atos terroristas".

Celso Amorim citou as recentes operações policiais para desalojar traficantes no Rio de Janeiro como uma prova da "preocupação com a segurança" no Brasil, que será sede da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016.

Segundo documentos oficiais divulgados hoje pelo WikiLeaks, a embaixada dos EUA em Brasília teme que grupos terroristas aproveitem a falta de vigilância na zona da Tríplice Fronteira, entre Brasil, Paraguai e Argentina, para arrecadar fundos e organizar a logística de atentados terroristas.

Um relatório da embaixada em Brasília aponta que na Tríplice Fronteira há um "fraco controle fronteiriço, contrabando, tráfico de drogas, fácil acesso a documentos falsos e a armas, circulação de produtos falsificados e fluxos de dinheiro sem qualquer controle", o que é um atrativo para grupos terroristas.

Outro documento diplomático adverte que o governo brasileiro "se recusa a classificar, de forma retórica e oficial, grupos considerados terroristas pelos Estados Unidos, como (palestino) Hamas, (libanês) Hezbollah e (guerrilha colombiana) Farc".

WikiLeaks revela ainda que o ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim, "confirmou" ao diplomata americano Clifford Sobel que o presidente boliviano, Evo Morales, sofria "de um sério tumor nasal" no final de 2009.

Jobim disse a Sobel, embaixador americano no Brasil, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "ofereceu a Morales exames e tratamento em um hospital de São Paulo".

Morales foi operado em fevereiro passado por uma equipe de médicos cubanos em La Paz, porque tinha "um problema de septo nasal", segundo a presidência boliviana.

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