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Brasil tem "pacto oligárquico de saque ao Estado", diz Barroso

Barroso tem sido criticado pelo governo por sua atuação no inquérito dos portos, que investiga se Temer cometeu crimes de corrupção e lavagem de dinheiro

Barroso: "O Brasil nos últimos tempos se deu conta de que nós vivenciávamos uma corrupção que era sistêmica, que era endêmica" (José Cruz/Agência Brasil)

Barroso: "O Brasil nos últimos tempos se deu conta de que nós vivenciávamos uma corrupção que era sistêmica, que era endêmica" (José Cruz/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 2 de abril de 2018 às 17h43.

Última atualização em 2 de abril de 2018 às 20h54.

São Paulo - Em um duro ataque ao que chamou de corrupção sistêmica no país, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso disse nesta segunda-feira que se celebrou há muito tempo, mas com renovação constante, "um pacto oligárquico de saque ao Estado brasileiro".

"O Brasil nos últimos tempos se deu conta de que nós vivenciávamos uma corrupção que era sistêmica, que era endêmica. Não era produto de falhas individuais... era um programa, um modo de conduzir o país com um nível de contágio espantoso que envolvia empresas públicas, empresas privadas, agentes públicos, agentes privados, membros do Congresso, membros do Executivo, membros da iniciativa privada", disse Barroso em evento em São Paulo.

"Foi espantoso o que efetivamente aconteceu no Brasil. A minha análise é a de que celebrou-se, e de longa data com renovação constante, um pacto oligárquico de saque ao Estado brasileiro, celebrado por parte da classe política, parte da classe empresarial e parte da burocracia estatal", acrescentou, sem citar nomes.

Barroso tem sido criticado pelo governo por sua atuação no chamado inquérito dos portos, que investiga se o presidente Michel Temer cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro sob a suspeita de ter recebido propina para beneficiar os interesses do grupo Rodrimar na edição de um decreto ano passado que mudou regras portuárias.

Na semana passada, atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República, Barroso expediu mandados de prisão, posteriormente revogados, contra amigos de Temer nessa investigação. Antes disso, já havia determinado a quebra de sigilo bancário do presidente.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, chegou a anunciar que prepara um pedido de impeachment de Barroso devido a ações que considera abusivas pelo magistrado.

Nesta segunda-feira, sem citar nomes, Temer criticou o que chamou de "gestos irresponsáveis" dos que estão dispostos a "desestabilizar o país".

"Nesses quase dois anos de governo não foram poucos os embaraços e as oposições que nós sofremos, até gente disposta a desestabilizar o país com gestos extremamente irresponsáveis, que tem naturalmente repercussão internacional", disse o presidente em outro evento em São Paulo.

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