PL da Dosimetria: se aprovado na CCJ, o texto seguirá para votação no plenário (Divulgação)
Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 07h34.
Última atualização em 17 de dezembro de 2025 às 07h43.
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal avalia nesta quarta-feira, 17, a partir das 9h, o projeto de lei que reduz penas dos condenados por tentativa de golpe de Estado, conhecido como PL da Dosimetria. Se aprovado no colegiado, o texto seguirá para votação no plenário da Casa às 14h.
A proposta foi apresentada originalmente pelo deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) e altera regras do Código Penal e da Lei de Execução Penal.
No Senado, o projeto é visto como uma alternativa ao projeto de anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, que segue travado na Câmara dos Deputados.
No geral, o projeto estabelece critérios para reduzir penas conforme o tipo de participação nos crimes contra o Estado Democrático de Direito.
Um dos pontos prevê o fim da soma automática de penas. Pelo texto, quando os crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito ocorrerem no mesmo contexto, a condenação deve seguir o concurso formal próprio, e não a soma cumulativa das penas.
Outra mudança trata da redução de pena para quem atuou em “contexto de multidão”. Nesses casos, a punição poderá ser reduzida de um terço a dois terços, desde que o condenado não tenha exercido papel de liderança nem participado do financiamento dos atos.
O projeto também flexibiliza a progressão de regime ao restabelecer a regra geral de progressão após o cumprimento de um sexto da pena. Percentuais mais rígidos permanecem restritos a crimes considerados mais graves, como homicídio, estupro, feminicídio, milícia privada e crimes hediondos.
Além disso, o texto garante a remição de pena para condenados em prisão domiciliar, permitindo a redução do tempo de pena por meio de trabalho ou estudo.
Apesar da expectativa em torno da análise do projeto, divergências entre os senadores podem levar ao adiamento da votação. O principal impasse envolve o fato de o texto aprovado pela Câmara abrir brecha para reduzir penas de condenados por crimes violentos e por organização criminosa, o que poderia beneficiar chefes de facções.
Há divergência também sobre a possibilidade de corrigir o problema apenas com uma emenda de redação, sem que o projeto precise retornar à Câmara. A bancada do MDB no Senado, a terceira maior da Casa, afirmou que isso não seria possível, por exigir uma alteração de mérito considerada profunda, e indicou que votará contra a versão atual do texto.
“Estamos conversando com todos os partidos. Você tem uma base bolsonarista que deseja a aprovação de qualquer jeito. E você tem uma base mais ligada ao governo e os independentes se posicionando contrariamente porque o mérito em si, ou seja, mudar a forma de punição daqueles que participaram do 8 de janeiro, tem uma certa razoabilidade e uma certa convergência. A forma escolhida que é equivocada”, disse o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que deve pedir vista do projeto, o que daria mais tempo para análise e pode empurrar a votação para 2026, em razão do recesso de fim de ano.
Randolfe também declarou que, caso a proposta seja aprovada pelo Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vetará o texto.