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Cármen diz esperar que propostas de candidatos sobre STF sejam retóricas

Bolsonaro propõe aumentar número de ministros, Ciro Gomes quer colocar Judiciário de volta à sua "caixinha" e PT quer estabelecer mandatos para juízes

Cármen Lúcia: "Todos os movimentos de ruptura institucional no mundo começaram com atentados contra o Judiciário, e quando o Judiciário está atuando a contento" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Cármen Lúcia: "Todos os movimentos de ruptura institucional no mundo começaram com atentados contra o Judiciário, e quando o Judiciário está atuando a contento" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de agosto de 2018 às 15h14.

São Paulo - A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, disse em entrevista publicada pela revista Veja nesta sexta-feira esperar que propostas de candidatos à Presidência da República sobre mudanças na corte sejam apenas retórica dos presidenciáveis, por entender que elas podem representar ameaças à democracia.

Na entrevista à publicação, a presidente do Supremo também disse que as críticas feitas à corte miram o que o tribunal tem feito de bom: o combate à corrupção e o consequente fim da impunidade dos mais poderosos.

"Todos os movimentos de ruptura institucional no mundo começaram com atentados contra o Judiciário, e quando o Judiciário está atuando a contento", disse Cármen Lúcia à revista.

Ela foi indagada pela publicação sobre propostas como a do candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, de aumentar o número de ministros na corte, do presidenciável do PDT, Ciro Gomes, de colocar o Judiciário de volta à sua "caixinha" e do programa de governo do PT de estabelecer mandatos para juízes de tribunais superiores.

"Espero que essas propostas apresentadas agora sejam apenas retórica dos candidatos", acrescentou Cármen Lúcia.

A presidente do Supremo comentou ainda que os poderosos passaram a se incomodar com a atuação do STF após o julgamento do caso do mensalão, em 2012, pois, de acordo com ela, a corte rompeu uma tradição de impunidade.

"O que faz o Poder Judiciário objeto de crítica não é o que ele tem de pior, e sim o que ele tem feito de melhor. A justa punição dos corruptos, por exemplo", disse ela.

"É compreensível que pessoas poderosas que nunca antes tinham sido submetidas a julgamento comecem a atacar quem está garantindo que isso aconteça", avaliou.

Cármen Lúcia deixará o comando do STF em setembro, quando será substituída pelo ministro Dias Toffoli.

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