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Cardozo ganha força e ala do PT articula candidatura em SP

O relator do projeto da Ficha Limpa passou a ter o nome lembrado para eventual candidatura ao governo de São Paulo, em 2018


	Cardozo: "Eu não tenho a menor vontade de continuar na vida política"
 (Valter Campanato/Agência Brasil)

Cardozo: "Eu não tenho a menor vontade de continuar na vida política" (Valter Campanato/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2016 às 11h48.

Brasília -- O impeachment de Dilma Rousseff agravou ainda mais a crise no PT e jogou os holofotes sobre um rearranjo de forças no partido, hoje ameaçado por uma debandada. Após quase nove meses de uma batalha no Congresso, José Eduardo Cardozo, advogado de Dilma, sai fortalecido do processo e, a depender do cenário, pode se credenciar para futuras disputas.

De ministro da Justiça achincalhado pela direção do PT - para quem o "grupo do Zé Eduardo" era tão pequeno que cabia numa Kombi -, o relator do projeto da Ficha Limpa passou a ter o nome lembrado para eventual candidatura ao governo de São Paulo, em 2018. No momento em que os principais líderes petistas foram atingidos por escândalos de corrupção, Cardozo chegou a ser aplaudido por parte dos passageiros de um voo de Brasília a São Paulo, na noite de sexta-feira.

"Eu não tenho a menor vontade de continuar na vida política", disse o ex-ministro, que também foi titular da Advocacia Geral da União. "Em 2010, escrevi uma carta aos meus eleitores, na qual dizia que não seria mais candidato a deputado enquanto o sistema político não mudasse. Tenho vergonha desse sistema." No PT, Cardozo integra a corrente Mensagem ao Partido. O grupo não detém a hegemonia interna e cada vez mais se opõe à tendência Construindo um Novo Brasil, comandada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Pressionado por Lula e pela cúpula do PT, sob o argumento de não controlar a Polícia Federal quando estava à frente do Ministério da Justiça, Cardozo ganhou a "redenção" ao defender Dilma. Perdeu a causa no Senado, mas conquistou prestígio. É de sua autoria a narrativa do "golpe" e a ideia de fatiar o julgamento da então presidente, estratégia que a livrou da proibição de exercer cargos públicos.

A decisão de preservar direitos de Dilma rachou a base do governo, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal. Nos bastidores, Cardozo avalia que, se o Supremo acatar o mandado de segurança impetrado por aliados do presidente Michel Temer, também terá de reavaliar a existência de crime de responsabilidade por parte da petista. "O PT falseia a história", reagiu o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP).

Confidência. Depois do período de quarentena, Cardozo vai se associar ao escritório Celso Cordeiro e Marco Aurélio de Carvalho Advogados, em São Paulo, e abrirá outro, em Brasília, para atuar em tribunais superiores.

A história que deu a ele protagonismo, porém, fez Lula perder capital político. Com a agonia de Dilma, ele também se desidratou. Alvo da Lava Jato, o "criador" da presidente cassada confidenciou a amigos que se arrependeu de não ter dito à sucessora que deveria ser ele o candidato ao Planalto, em 2014. Na quarta-feira, o ex-presidente acompanhou o discurso da despedida de Dilma, no Palácio da Alvorada, e parecia perplexo. "Nem no pior pesadelo poderia imaginar o que está acontecendo conosco", lamentou ele, mais uma vez. 

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